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sábado, 11 de junho de 2011

Português, meu compatriota



Desculpa tratar-te familiarmente, o que entre compatriotas não pode ser considerado abuso de minha parte.

Ouço-te através da televisão, leio-te nos jornais, vejo os teus lamentos na Internet e, um tanto curiosamente, não me apercebo que faças uma introspecção ou um acto de contrição, te vejas ao espelho com toda a sinceridade, fixes longa e atentamente a imagem que ele te devolve para poderes chegar à conclusão de que tudo o que de errado te acontece e ao país, é producto da tua – nossa – culpa. Nossa, porque me incluo.

Sempre que há um acto eleitoral, há cada vez menos a irem exercer o seu dever e direito cívico mas, aqueles que lá vão, votam sempre nos mesmos, alternando entre dois partidos que se consideram a si mesmos os da alternância governativa.

Ouço, por vezes, em desabafos sentidos mas arcaicos, alguns dizerem: “Salazar é que tinha razão!” Como te enganas caro compatriota.

Não! Salazar não tinha razão, porque não te reconhecia como um ser humano pensante e livre.

Pensava por ti e fazia com que só fizesses o que mais lhe agradava. E se um dia saisses da linha que havia traçado, sabes bem o que te acontecia: prisão e degredo. Não tinhas direito a pensar por ti, a agir por ti, a seres um homem ou mulher livre como Deus fez todos os homens.

Com a ironia de que, sempre que falava, se referia a Portugal como uma República democrática. Ele via, na sua tirania, a única forma possível de democracia.

Durante longos 48 anos que se manteve em vigor a ditadura, muitos foram os portugueses que abençoaram a guerra originada pelo paranóide Hitler, porque lhes permitiu – ou obrigou – a emigrarem para outros países europeus ou sul-americanos e, aí, nesses países, tiveram a dita de conhecer novas formas de vida, de sociedades, de liberdade e com trabalho cujo produto dava para educar os filhos, fazer uma casa própria, viver melhor e em liberdade.

Pode dizer-se que muito do que se passa hoje entre nós se deve a esse ditador sem igual no mundo. É que os nossos políticos dele muito copiaram e, das suas leis, muitas se mantêm em vigor ainda, passados que são 37 anos da Revolução dos Cravos.

Sim, meu caro. A culpa é desse oportunismo político, da ditadura económica e financeira, da imensa e incombatível corrupção existente no nosso país. E não és tu, nem eu nem aquele.., quem as pratica, mas os políticos – sempre os mesmos – que não sabem viver sem ela.

E nós, caro compatriota, somos obrigados a pagar por todos os erros que eles cometem.

Antes, nos tempos do grande ditador, havia muitos presos políticos e hoje, pasma meu amigo, não pode haver políticos presos. Já pensaste porque razão há tantos “casos” sem solução na justiça?

Pensa um pouco e pensa sobretudo no que fizeste no dia 5 de Junho.

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