Grupos
islamistas lançam rocket e atingem dois miniautocarros da polícia.
Imagem de
arquivo de uma operação das forças de seguranbça egípcias no Sinai, em 2012
Foi o ataque mais mortífero dos últimos anos contra forças de
segurança no Egipto: pelo menos 24 polícias morreram quando um rocket atingiu a
coluna de veículos em que seguiam.
Os
atacantes, presumivelmente do movimento radical islâmico que tem base na região
do Sinai, atacaram dois miniautocarros da polícia que se diriam para Rafah, onde
se situa o ponto de passagem para a Faixa de Gaza, disseram fontes médicas e de
segurança à AFP.
Após a destituição do Presidente
Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana – o primeiro democraticamente eleito mas
que vinha a causar desconforto pela suspeita de que pretendia um caminho
islamista para o Egipto – a violência tem sido muita, com várias manifestações
da Irmandade Muçulmana, o movimento de Morsi, a exigirem que este regresse ao
poder.
Estas manifestações têm sido
atacadas violentamente pela polícia, e na quarta-feira passada, mais de 500
pessoas morreram numa acção das forças de segurança para retirar os
manifestantes de dois campos em que se encontravam há mais de um mês. Desde
quarta-feira morreram mais de 860 pessoas, incluindo 38 apoiantes da Irmandade
que morreram asfixiados com gás lacrimogéneo no que a polícia diz que foi uma
tentativa de evasão da carrinha em que eram transportados. Mais de mil
islamsitas foram detidos entretanto, com o estado de emergência a permitir
detenções por tempo indefinido.
O ataque das forças de segurança
aos apoiantes da Irmandade – um grupo que renunciou à violência nos anos 1970 e
tem prometido continuar assim – foi motivo para reacções de grupos islamistas
da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico aos jihadistas somalis, do movimento
Shabaab al-Mujahideen. E analistas diziam que as imagens dos mortos e a
escalada de violência poderiam também levar à acção dos militantes extremistas
do Sinai. Desde que Morsi foi destituído num golpe com o apoio dos militares, a
3 de Julho, morreram 49 elementos das forças de segurança no norte do Sinai,
diz a agência francesa AFP.
A península desértica é povoada
maioritariamente por beduínos com relações difíceis com o poder central, e
grupos islamistas radicais fizeram do território a sua base, enquanto
traficantes tentam aproveitar a fronteira com Israel. Até agora, estes grupos
têm atacado sobretudo forças egípcias, mas ocasionalmente também têm lançado
ataques contra Israel.
Bruce Hoffman, especialista em
terrorismo da Universidade de Georgetown, disse na semana passada ao Washington
Post que este grito
dos jihadistas globais em relação ao Egipto tem um paralelo na História: o
golpe na Argélia que, no início dos anos 1990, impediu um grupo islamista de
ficar no poder. Essa acção, que foi vista como tendo tido apoio ocidental,
esteve entre os catalisadores da radicalização da Al-Qaeda. O caso egípcio tem
mais potencial desestabilizador: "Na altura, não havia o poder dos media
para mobilizar pessoas como há hoje."
Na véspera, o líder das Forças
Armadas do Egipto, general Abdel Fattah al-Sissi, garantiu que o seu país “não se vergará diante da violência dos
islamistas”.
=Público/Mundo=
Sem comentários:
Enviar um comentário