As discussões consequentes da bela e desprendida atitude de Edward
Snowden aconselham a todos os governantes a levar em conta a amplitude a
profundidade das pretensões imperialistas dos falcões norte-americanos.
Agora, estamos sabendo, têm eles acesso a todas as comunicações via
telefone e internet, no mundo inteiro, de quaisquer cidadãos, entidades,
empresas, governos etc. que não possam dispor de salvaguardas tecnológicas.
Mas o conflito ético-político vai muito além disso. Como já vimos, o
império já chegou até a atribuir a si o dom (divino? Advindo do Destino
Manifesto?) de poder convencer países, tidos como soberanos, a
negar, de modo apressado, e infringente de todos os códigos de convivência
pacífica entre os Estados, o trânsito de presidente de outra
nação (Evo Morales, da Bolívia) por seu espaço aéreo como o fizeram França ,
Espanha e Portugal, presas - em especial a impávida França -
de uma subserviência até então insuspeita.
Ficam ainda umas dúvidas. A extravagante ação imperial dos EUA foi
realmente motivada pela suspeita infundada de Snowden encontrar-se no
avião presidencial boliviano com destino a asilo político em La Paz? Ou o
ato de força foi simplesmente uma advertência aos governos progressistas da
América, quanto às investidas que poderão ter de suportar, caso não se
enquadrem nos limites político-econômicos balizados por aquele império?
Ou valem as duas interrogações? Fico com esta última.
A denúncia feita por Snowden teve , por outro lado, a particularidade de,
ao revelar a terceirização de serviços de inteligência dos EUA, desnudar a
privatização de setores adstritos à segurança nacional daquele país. Se
ações estratégicas, de alta complexidade e elevado risco (como está agora
comprovado) foram transferidas da sofisticada Agência de Segurança Nacional
para a iniciativa privada, pode-se aduzir, com segurança, que ali encontra-se o
berço e o paraíso do patrimonialismo: aquele sistema de governo
onde as elites costumam confundir o patrimônio privado com o público, em
detrimento deste.
Antes, já havia robustos indícios disto, dos quais o FED-Federal Reserve
(Banco Central de lá) é o melhor exemplo, pois, desde a própria fundação, o seu
capital teve a participação majoritária de grandes bancos privados dos EUA e
Europa (conforme consta de exposição feita em site pelo advogado e
professor da FGV Nehemias Gueiros Júnior, intitulada: "A Maior
Fraude da História").
Finalmente, uma confirmação importante: o Reino Unido
- que no cinema é representado pelo agente secreto a quem se
delegou o apenas teatral direito de matar, último resquício da debilitada
arrogância inglesa -, em assuntos de inteligência, não passa de "uma franquia dos EUA".
C. C.
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