Fontes próximas da Casa Branca dizem que Obama poderá decidir
atacar a Síria mesmo sem o apoio da Grã-Bretanha. Numa decisão que poucos
tinham antecipado, o Parlamento de Londres rejeitou ontem à noite o princípio
de uma ação militar contra Damasco, que o primeiro-ministro David Cameron tinha
submetido a votação. Responsáveis da Administração americana sublinham que
Obama tem o poder e a determinação para tomar a suas próprias decisões sobre a
Síria e que o Presidente acredita estarem em jogo "interesses fundamentais
dos Estados Unidos".
Com 285 votos contra e 272 a favor, os deputados britânicos
“chumbaram” efetivamente os planos que previam a participação do país num
eventual ataque à Síria, ao lado dos Estados Unidos.
Para este resultado de surpresa contribuíram parlamentares “rebeldes” do próprio Partido Conservador de David Cameron, que tinha apoiado publicamente a promessa de Obama de que o governo sírio enfrentaria consequências pelo alegado uso de armas químicas.
Pouco depois da votação, o secretário britânico da Defesa confirmou à BBC que a Grã-Bretanha não vai envolver-se em qualquer ação militar.
Para este resultado de surpresa contribuíram parlamentares “rebeldes” do próprio Partido Conservador de David Cameron, que tinha apoiado publicamente a promessa de Obama de que o governo sírio enfrentaria consequências pelo alegado uso de armas químicas.
Pouco depois da votação, o secretário britânico da Defesa confirmou à BBC que a Grã-Bretanha não vai envolver-se em qualquer ação militar.
Desaire importante para Cameron
O voto parlamentar em Londres representa um sério golpe para os planos da Casa Branca e para a autoridade de David Cameron, que já antes tinha suavizado a proposta governamental em resposta às objeções da oposição.
O ministro britânico das Finanças disse entretanto que a derrota do projeto do governo vai desencadear um debate sobre o papel da Grã-Bretanha no mundo.
George Osborne exortou na ocasião os seus compatriotas a "não se isolarem" do que se passa no resto do globo.
Do outro lado do oceano, a reação do governo norte-americano foi cautelosa. O secretário da Defesa dos Estados Unidos disse esta sexta-feira que Washington respeita o voto dos britânicos.
“Todas as nações têm a responsabilidade de tomar as suas próprias decisões e respeitamos isso em qualquer nação”, disse Chuck Hagel em Manila.
Segundo este responsável, apesar da decisão britânica, continua a ser um objetivo da Administração Obama que qualquer decisão [sobre a Síria] seja de “colaboração internacional”.
Uma declaração da porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, feita pouco depois da votação parlamentar, afirmava que os EUA “continuarão a efetuar consultas” sobre a Síria com o Reino Unido, descrito como “um dos mais próximos aliados e amigos”.
A porta-voz acrescentou que o processo de decisão Barack Obama será guiado pelo que ele considera serem “os melhores interesses dos Estados Unidos”. Interesses que o Presidente acredita estarem em causa.
França poderá avançar
O voto londrino poderá afetar a decisão de Paris, que na próxima semana também vai discutir no Parlamento a posição que o país tomará num eventual ataque.
Numa entrevista hoje publicada pelo diário francês Le Monde, o Presidente François Hollande admite que a França poderá avançar com os planos de uma ação militar, apesar do recuo britânico.
“O massacre químico de Damasco não pode ficar sem punição”, disse Holande, que reiterou ainda que a França quer “uma ação firme e proporcional”. Questionado sobre que tipo de ação defende, Hollande respondeu que "todas as opções estão sobre a mesa".
O chefe da fação rebelde síria que é apoiada pelo ocidente disse entretanto que a posição dos parlamentares britânicos não é suficiente para impedir os outros aliados de punirem o regime de Assad pela alegada utilização de armas químicas.
Ahmad al-Jarba disse à radio France-Inter que não estava surpreendido pelo voto de quinta-feira à noite e manifestou-se convencido de que os ataques contemplados pelos EUA e aliados poderiam paralisar o regime e elevar a moral da oposição, contribuindo para equiparar as respetivas forças, que neste momento pendem a favor de Damasco
EUA ponderam ação unilateral
Depois de inicialmente terem garantido que não avançariam unilateralmente, sem o apoio dos aliados, os Estados Unidos parecem estar a flexibilizar esta posição. Falando sob condição de anonimato já depois do “chumbo britânico”, uma fonte oficial dos EUA admitiu à CNN que uma ação unilateral era ”uma possibilidade”.
O ataque químico de 21 de agosto em Ghouta, nos arredores de Damasco, provocou pelo menos 355 mortos e mais de três mil feridos, embora fontes da oposição falem de 1300 vítimas mortais.
Governo sírio e rebeldes acusam-se mutuamente da autoria do ataque, mas os EUA dizem-se convencidos de o regime de Assad decidiu intencionalmente utilizar este tipo de armas e prometeu punir os responsáveis.
Eliot Engel, um senador democrata altamente colocado, disse ao jornalThe New York Times que os serviços secretos norte-americanos intercetaram comunicações entre altos responsáveis sírios que pareciam sugerir que o ataque levado a cabo foi mais devastador do que tinha sido previsto.
=RTP/Notícias=
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