Presidente
Obama “tomará em breve uma decisão informada”.
"O
nosso sentido básico de humanidade fica ofendido" pela "tentativa
cínica de encobrir" este ataque, disse Kerry
Os Estados Unidos sabem que Bashar al-Assad usou armas químicas
contra “os mais vulneráveis”, disse esta segunda-feira o secretário de Estado
norte-americano, John Kerry. Isso “é inegável” e “indesculpável” – “uma
obscenidade moral” que devia “abalar a consciência do mundo” e que não pode
ficar “sem consequências”.
Numa
declaração aos jornalistas, Kerry lembrou que os inspectores da ONU só estão no
terreno para recolherem provas adicionais e que a sua investigação “não vai
determinar quem usou” as armas químicas que mataram centenas de sírios.
“O nosso entendimento sobre o que
aconteceu está fundamentado em factos”, disse, descrevendo como “cínicas” as
tentativas do regime de Assad “para encobrir” os seus actos. “O nosso sentido
básico de humanidade fica ofendido, não só por este crime cobarde mas também
pela cínica tentativa de o encobrir.”
Quem argumentar que este ataque
não aconteceu “precisa de pôr a mão na consciência e de rever os seus padrões
morais”, defendeu o chefe da diplomacia de Barack Obama.
As imagens dos ataques,
fotografias tiradas por fotojornalistas e activistas, vídeos divulgados por
médicos e opositores, são “reais e convincentes”, não são “artificiais nem
fabricadas”, afirmou.
“Voltei a ver os vídeos, os vídeos
que qualquer pessoa pode ser nos mediasociais. É muito difícil
expressar em palavras o sofrimento humano…”, disse Kerry. “Como pai, não posso
tirar estas imagens da cabeça, um pai a segurar a cabeça do seu filho morto, a
gemer.. famílias inteiras mortas na suas camas, sem um pingo de sangue.”
Kerry disse ter passado os últimos
dias em contacto com aliados, mas também com responsáveis de países menos
próximos. Os ataques de quarta-feira da semana passada não deixaram ninguém
indiferente. A convicção de que um crime destes não pode ficar impune “é
partilhada mesmo por países que concordam em muito pouco”.
Cinco dias depois do ataque com
armas químicas contra várias localidades dos arredores de Damasco, Kerry
lembrou que já passaram quatro dias desde que fez um raro telefonema ao ministro
dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid Muallem, pedindo-lhe acesso “imediato”
dos inspectores aos locais atingidos. Um acesso que só foi autorizado no
domingo e concretizado nesta segunda-feira.
Por tudo isto, assegurou Kerry, o
Presidente Obama “tomará em breve uma decisão informada”. “Nada hoje é mais
sério” do que a situação na Síria, sublinhou.
Antes da intervenção de Kerry, já
se sabia que norte-americanos, britânicos, franceses e turcos tinham conversado
e chegado a um entendimento para agir. Obama disse há um ano que o uso de armas
químicas era a “linha vermelha” que Assad não podia cruzar sem sofrer
consequências e os ataques da semana passada tiveram uma dimensão demasiado
grande para que essas palavras pudessem passar em branco.
Russos e iranianos repetiram ao
longo do dia que qualquer tipo de intervenção militar externa na Síria “terá
consequências devastadoras”. Numa entrevista ao jornal russo Izvestiya,
Assad descreveu as acusações de que atacou a população síria com armas químicas
como “um insulto ao senso comum”. Se atacarem a Síria, diz Assad, “os Estados
Unidos vão fracassar como fracassaram em todas as guerras que começaram nos
últimos anos, a começar pelo Vietname”.
=Público/Mundo=
Sem comentários:
Enviar um comentário