Pentágono
reforça presença naval no Mediterrâneo e secretário da Defesa diz que estão a
ser analisadas "opções para todas as contingências". Damasco acusou
rebeldes de usarem armas químicas
Responsáveis do
Pentágono adiantam que quatro navios receberam ordens para se deslocarem para o
Mediterrâneo oriental
Os Estados Unidos estão a reforçar a sua presença naval na zona
oriental do Mediterrâneo, numa altura em que a Administração Obama, apesar das
palavras cautelosas do Presidente, avalia as opções em cima da mesa para
responder às alegações de que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas
contra zonas no subúrbio de Damasco.
Tudo não
passa, para já, dos habituais planos de contingência postos em marcha pelo
Pentágono sempre que há um desenvolvimento significativo. Mas as manobras,
confirmadas pelo secretário da Defesa norte-americana, Chuck Haguel, surgem
como contrapeso às declarações de Barack Obama que, sexta-feira, avisou que
uma intervenção militar contra a Síria arriscaria “alimentar mais ressentimento
na região” sem conseguir resolver o “complexo problema sectário” em
que a guerra civil se transformou.
“O Departamento de Defesa tem a
responsabilidade de dar ao Presidente opções para todas as contingências”,
afirmou Haguel, antes de acrescentar: “Isso implica posicionar as nossas forças
e os nossos equipamentos, para sermos capazes de executar as diferentes opções
– qualquer que seja a escolhida pela Presidente”. O secretário da Defesa
norte-americano não quis confirmar se foram já dadas ordens de mobilização ou
que meios estão envolvidos nestes planos de contingência, limitando-se a
adiantar que Obama pediu ao Pentágono que lhe apresentasse diferentes opções.
No entanto, responsáveis do
Departamento de Defesa revelaram, sob condição de anonimato, que quatro navios
– equipados com mísseis de cruzeiro – receberam ordens para se deslocaram para
a zona oriental do Mediterrâneo. Uma das fontes, citada pela Reuters, diz que
um deles, o USS Mahan, tinha já terminado
a sua missão na região e preparava-se para regressar à base de Norfolk, na
Virgínia, mas o comandante da VI Esquadra ordenou que permanecesse na região.
O New
York Times noticiou
que Obama se reuniu nesta semana com os seus principais assessores de segurança
nacional para discutir que respostas dar ao alegado uso de armas químicas – uma
denúncia feita por activistas da oposição e que os ocidentais, depois da
cautela inicial, parecem cada vez mais dispostos a caucionar. A reunião,
adianta o jornal, terminou sem consenso, mas a BBC diz que há vários
responsáveis furiosos com o que consideram “uma flagrante violação da lei
internacional” e defende que Washington não pode ficar impávido se as acusações
se confirmarem.
Uma nova reunião vai acontecer
neste sábado e, em comunicado, a Casa Branca adianta que assim os serviços
secretos tenham “clarificado os factos” sobre o que aconteceu quarta-feira nos
arredores de Damasco “o Presidente vai tomar uma decisão informada sobre
como responder”. “Temos um leque de opções disponíveis e vamos agir
de forma muito deliberada para que as decisões que tomarmos sejam consistentes com
o interesse nacional e com a avaliação feita sobre como podemos atingir os
nossos objectivos na Síria”.
Sexta-feira, na entrevista à BBC,
Obama disse que os responsáveis americanos estão ainda a “reunir informações
sobre este acontecimento”. “Mas posso dizer que, ao contrário de certas provas
que tentámos obter previamente, e que nos conduziram ao envio de investigadores
das Nações Unidas para a Síria, o que já vimos indica que se tratou claramente
de um grande acontecimento, de grave preocupação”.
Regime
denuncia ataque químico em Jobar
O Conselho de Segurança, reunido de emergência na quarta-feira, não chegou a acordo para dar os peritos em armas químicas da ONU, que estão desde domingo em Damasco, um mandato para se deslocarem aos subúrbios onde, segundo a oposição, 1300 pessoas morreram asfixiadas na madrugada de quarta-feira.
O Conselho de Segurança, reunido de emergência na quarta-feira, não chegou a acordo para dar os peritos em armas químicas da ONU, que estão desde domingo em Damasco, um mandato para se deslocarem aos subúrbios onde, segundo a oposição, 1300 pessoas morreram asfixiadas na madrugada de quarta-feira.
Estados Unidos e Rússia pediram
“ao Governo sírio para cooperar com os peritos” na investigação destas
denúncias, mas Moscovo insiste que cabe aos rebeldes garantir condições de
acesso dos peritos à zona - uma garantia que a oposição já disse existir. Neste
sábado, chegou a Damasco a alta representante da ONU para os Assuntos de
Desarmamento, Angela Kane, com o objectivo de pressionar o regime a autorizar
as inspecções na zona.
Mas a missão poderá ter ficado
comprometida com um novo desenvolvimento: a televisão estatal noticiou
que soldados sírios foram asfixiados por agentes tóxicos durante
combates em Jobar, um dos subúrbios que a oposição diz ter sido atacado com
armas químicas na quarta-feira. “Os nossos heróis do Exército entraram em
túneis de terroristas e viram agentes químicos”, adiantou o canal,
acrescentando que vários soldados terão inalado gases tóxicos e “alguns estão
em estado crítico”.
O bairro, no Leste da capital síria,
é controlado pelos rebeldes, mas segundo a televisão estatal estará em marcha
uma ofensiva para retomar a zona.
=Público=
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