Já por alguns anos se generalizou a ideia de que o grupo Bilderberg seria o embrião do governo mundial. Após aceder aos arquivos deste clube secreto, Thierry Meyssan demonstra que esta é uma falsa pista utilizada para esconder a verdadeira identidade e funções do grupo: o Bilderberg é uma criação da NATO. Tem por objectivo convencer líderes e, através destes, manipular a opinião pública para aderir aos conceitos e acções da Aliança Atlântica.
Todos os anos, desde 1954, uma centena das mais eminentes personalidades vindas da Europa Ocidental e América do Norte reúnem-se – a porta fechada e sob extrema protecção – no Grupo Bilderberg. O seminário tem a duração de três dias e nada transparece dos seus debates.
Desde o desmantelamento da União soviética, jornalistas têm-se interessado a esta organização elitista e secreta. Alguns autores viram neste grupo um embrião de governo mundial atribuindo-lhe as principais decisões políticas, culturais, económicas e militares da segunda metade do século XX. Esta é uma interpretação apoiada por Fidel Castro mas nunca confirmada nem negada.
Para saber o que é ou o que não é o Grupo Bilderberg, procurei documentos e testemunhos. Obtive acesso integral aos arquivos do período 1954-1966 e a numerosos documentos posteriores. Conversei com um dos antigos convidados do grupo, que conheço já há muito tempo. Nenhum jornalista até hoje, e muito menos os autores famosos que escreveram a respeito destes clichés actuais, teve acesso a tanta documentação interna do Bilderberg.
Aqui está o que descobri e compreendi.
A primeira reunião
70 personalidades, vindas de 12 países, participaram na primeira reunião do Grupo. Trata-se de um seminário de três dias, de 29 a 31 de Maio 1954, realizado perto de Arnhem (Holanda). Os convidados são repartidos em dois outros hotéis vizinhos mas os debates são realizados no local principal que deu o nome actual ao Grupo.
Os convites, em papel timbrado do Palácio de Soestdijk, são bastante obscuros: "apreciaria muito a sua presença no congresso internacional, não oficial, a ser realizado na Holanda no final do mês de Maio. Esta conferência pretende explorar uma série de questões de grande importância para a civilização ocidental e visa incentivar o goodwill [em português, " boa vontade "] e a compreensão mútua através da livre troca de opiniões . " Os convites contêm a assinatura do Príncipe consorte da Holanda, Bernhard zur Lippe-Biesterfeld, e é acompanhada por várias páginas de informação administrativa sobre transporte e alojamento. O que podemos também perceber é que a delegação provém dos Estados Unidos e de 11 países da Europa Ocidental e que são previstas 6 sessões de trabalho de 3 horas cada.
Dado o passado nazista do príncipe Bernhard, que fora membro da cavalaria da SS até o seu casamento em 1937 com a princesa Juliana, e no contexto do macarthismo, torna-se claro que as " questões de grande importância para a civilização ocidental " têm a ver com a luta contra o comunismo.
No local da reunião, os dois presidentes de sessão, o empresário americano John S. Coleman e o ministro cessante dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, Paul van Zeeland, recebem os convidados. Coleman é um militante do mercado livre, e o ministro Van Zeeland é um apoiante da Comunidade Europeia de Defesa (CED). Os convidados irão aperceber-se de que, a uma extremidade da mesa encontra-se Joseph Retinger, a eminência parda dos britânicos. Tudo isto sugere que as monarquias britânica e holandesa patrocinaram uma reunião em apoio da Comunidade Europeia de Defesa e do modelo económico do capitalismo de mercado livre, em oposição ao anti-americanismo que os comunistas e gaullistas promoviam.
As aparências, porém, enganam. Não se trata de uma campanha pela CED, mas de uma campanha para mobilizar as elites em favor da guerra-fria.
O escolhido para convocar os convidados foi a Sua Alteza Real o Príncipe Bernhard. Isto porque o seu título de príncipe dá-lhe um carácter estatal sem ser, no entanto, oficial.
Atrás dele está o verdadeiro promotor do evento: uma organização intergovernamental interessada em manipular os governos de alguns dos Estados que a compõem.
Nesta altura, John S. Coleman ainda não se tornou presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, mas acabou de criar a Comissão dos cidadãos para uma Política Nacional do Comércio (Citizen’s Comittee for a National Trade Policy, CCNTP). Ele afirma que a liberdade absoluta do comércio, isto é, a renúncia de todos os direitos de alfândega, permitirá aos aliados dos EUA aumentar sua própria riqueza e financiar a Comunidade Europeia de Defesa, leia-se, realizar o rearmamento da Alemanha e integrar o seu potencial militar no seio da NATO.
Os documentos em nossa posse mostram, porém, que o CCNTP não tem nada de "cidadão" a não ser no nome. É, na realidade uma iniciativa de Charles D. Jackson, conselheiro em guerra psicológica da Casa Branca. O chefe de operação é William J. Donovan, ex-chefe dos OSS (serviços de inteligência dos EUA criado durante a Segunda Guerra Mundial), agora encarregue de criar uma ramificação EUA dos novos serviços secretos da NATO, o Gladio.
Paul van Zeeland não é só promotor da Comunidade Europeia de Defesa, mas também um político experiente. Após a ocupação nazista presidiu a Liga Independente para a Cooperação Europeia (LICE), que visava criar uma união aduaneira e monetária. Esta organização foi criada pelo já referido Joseph Retinger.
O próprio Retinger, que serve como secretário da reunião de Bilderberg, serviu durante a guerra nos serviços secretos britânicos (SOE) do general Colin Gubbins. Em exílio no Reino Unido, Retinger, um aventureiro polonês, tornou-se conselheiro do governo de Sikorski. Em Londres, ele entreteve-se com o núcleo influente dos governos o que lhe deu muitos contatos na Europa libertada do fascismo.
O seu amigo, Sir Gubbins, deixou oficialmente os serviços secretos britânicos e o estado desmantelou a SOE. Em seguida, dirige uma pequena empresa de tapetes e têxteis, que lhe serve de "cobertura". Na verdade, Gubbins é responsável pela criação do ramo inglês da Gladio. Tendo participado a todas as reuniões preparatórias da conferência de Bilderberg, esteve entre os convidados, sentado ao lado de Charles D. Jackson.
Sem que os participantes se apercebam disso, quem se torna o hóspede da reunião de Bilderberg são os serviços secretos da NATO. O príncipe Bernhard, Coleman e Van Zeeland estando á frente.
Embora os jornalistas imaginativos que acreditam encontrar no grupo de Bilderberg uma agenda de governação global oculta, este clube influente não é nada mais do que uma ferramenta de pressão (lobbying) que a NATO usa para promover os seus próprios interesses. Isto é muito mais grave e muito mais perigoso porque assim é a NATO que pretende tornar-se um governo mundial garantindo a perenidade do status quo internacional e da influência dos EUA.
Além disso, a segurança das reuniões do Grupo Bilderberg realizadas posteriormente não estará mais nas mãos da polícia do país hóspede, mas por soldados da NATO.
Entre os 10 discursantes estão dois ex-primeiros-ministros (Guy Mollet, França e o italiano Alcide de Gasperi), três responsáveis do Plano Marshall, o falcão da Guerra-fria Paul H.Nitze e, acima de tudo, um poderoso financeiro, David Rockefeller.
De acordo com os documentos preparatórios, duas dezenas de participantes são mantidos em segredo. Estes sabem quem são os convidados manda-chuvas e prepararam os seus discursos de antemão. Até os mais pequenos detalhes são fornecidos e não se deixou o menor espaço para improvisação. Por sua vez, os outros cerca de cinquenta participantes ignoram completamente o que está acontecendo. Foram escolhidos para exercer influência sobre os governos e opinião pública nos seus países. Assim, o seminário foi organizado para convencê-los a envolver-se na difusão da mensagem que se quer divulgar.
Em vez de se abordar as grandes questões internacionais, analisa-se a suposta estratégia ideológica dos soviéticos e explica-se o método a ser utilizado para combatê-la num "mundo livre ".
As primeiras intervenções avaliaram a ameaça comunista. Os "comunistas conscientes "são indivíduos que tentam colocar o seu país ao serviço da União Soviética para impor ao mundo um sistema colectivista. E tem de se lutar contra eles. Mas é uma luta difícil porque esses " comunistas conscientes "estão espalhados por toda a Europa comunista numa massa de eleitores que ignora esses objectivos sinistros e que segue uma esperança de melhores condições sociais.
A retórica endurece gradualmente. O " mundo livre " deve enfrentar a " conspiração comunista mundial ", não só em geral mas também dando resposta a problemas específicos relacionados com investimentos dos EUA na Europa e sobre a descolonização.
Por fim, os oradores irão abordar o problema principal, ou seja, que os soviéticos estão a explorar povos para seu proveito. Por razões históricas e culturais, os políticos do " mundo livre " usam argumentos diferentes nos EUA e na Europa, argumentos que por vezes são contraditórios. O caso mais emblemático é o dos expurgos organizados pelo senador McCarthy, nos Estados Unidos. Estes são essenciais para salvar a democracia, mas o método é visto na Europa como uma forma de totalitarismo.
A mensagem final é que não há compromisso ou negociação diplomática possível com os " Vermelhos ". É necessário impedir, custe o que custar, os comunistas de ter um papel activo na Europa ocidental. Terá, no entanto que se agir com astúcia. Como não se pode prendê-los ou matá-los, tem de se neutralizá-los com discrição, sem que os eleitores se apercebam disso. Portanto, a ideologia desenvolvida gira em torno da NATO e do Gladio. Nunca foi dito que se iria falsificar eleições ou que os ‘mornos’ seriam assassinados, mas todos os participantes admitiram que, para salvar o " mundo livre " deve-se colocar a liberdade entre parênteses.
Embora a proposta de Comunidade Europeia de Defesa (CED) tenha caído por terra três meses mais tarde, devido aos golpes dos deputados comunistas e " extremistas nacionalistas ", isto é, os gaullistas, a reunião foi considerada um sucesso. O objectivo não era realmente apoiar a criação da CED nem qualquer medida política em particular, mas divulgar uma ideologia da classe dominante e, em seguida, passá-la através dessa classe para o resto da sociedade. Objectivamente, os cidadãos da Europa Ocidental estavam cada vez menos conscientes sobre as liberdades que perdiam e estavam cada vez mais informados acerca da falta de liberdade sentida na Europa Oriental.
O Grupo Bilderberg torna-se uma organização
A segunda conferência é organizada, em França, de 18 a 20 de Março de 1955 na aldeia de Barbizon.
De forma gradual, a ideia impõe-se de que essas conferências terão lugar todos os anos e que são necessárias para formar um secretariado permanente. O príncipe Bernhard afasta-se da organização após o seu envolvimento num caso de tráfico de influência (o escândalo da Lockheed-Martin). Então cede a presidência ao ex-primeiro-ministro britânico Alec Douglas-Home (1977-1980). O presidente do Grupo Bilderberg irá ser depois o ex-chanceler e presidente da Alemanha Ocidental, Walter Scheel (1981 a 1985), o ex-governador do Banco da Inglaterra, Eric Roll (1986-1989), ex-Secretário Geral da OTAN Peter Carrington (1990-1998) e finalmente o ex-vice-presidente da Comissão Europeia Etienne Davignon (desde 1999).
Durante muito tempo o presidente do Grupo Bilderberg era assistido por dois secretários, um para a Europa e Canadá, estados vassalos, e um para os Estados Unidos, o monarca. Mas agora existe apenas um secretário-geral, desde 1999.
De um ano para outro, os debates são muito repetitivos. É por isso que os convidados vão sendo diferentes. Há sempre um núcleo que é responsável pela preparação do seminário com antecedência e outros que vêm pela primeira vez, a quem é inculcada a retórica atlantista do momento.
Actualmente o encontro anual reúne mais de 120 participantes, um terço dos quais são membros do núcleo. A aliança atlântica selecciona-os em função da importância das suas relações e capacidade de influência, independentemente das funções exercidas na sociedade. Assim permanecem membros do núcleo, mesmo quando mudam de emprego.
Veja a lista exacta do núcleo, incluindo os membros do Conselho de Administração, servindo como vitrina para os hóspedes e alguns membros que permanecem menos visível para não assustar os novos.
Conselho de Administração
Josef Ackermann | Banqueiro suíço, director do Deutsche Bank, vice-presidente do Fórum de Davos. |
Roger C. Altman | American Banker, um ex-assessor para as campanhas de John Kerry e Hillary Clinton, director do banco de investimento Evercore Partners Inc. |
Francisco Pinto Balsemão | O ex-primeiro-ministro socialista de Portugal (1981-1983), presidente fundador da principal emissora portuguesa - o grupo SIC. (T) |
Fran Bernabè | Banqueiro italiano, o actual proprietário da Telecom Italia (T) |
Henri de Castries | Presidente e CEO da companhia de seguros francesa AXA |
Juan Luis Cebrián | Director do grupo espanhol Prisa impressão e televisão. |
W. Edmund Clark | Canadense banqueiro, presidente da Toronto-Dominion Bank Financial Group |
Kenneth Clarke | O ex-vice-presidente da British American Tobacco (1998-2007), ministro britânico dos Negócios Estrangeiros e ministro da Justiça, vice-presidente do Movimento Europeu Reino Unido. |
George A. David | Presidente e CEO da Coca-Cola. |
Étienne Davignon | Empresário belga, antigo vice-presidente da Comissão Europeia (1981-1985), actualmente vice-presidente da Suez-Tractebel. |
Anders Eldrup | Diretor-presidente da empresa dinamarquesa Dong Energy petróleo e gás. |
Thomas Enders | Director da Airbus. |
Victor Halberstadt | Professor de Economia na Universidade de Leiden, atua como director de várias empresas como a Goldman Sachs e Daimler-Chrysler. |
James A. Johnson | Financista americano, foi um dos chefes do Partido Democrata e foi um dos arquitectos da posse de Barack Obama. Ele é vice-presidente da Perseus banco de investimento. |
John Kerr of Kinlochard | O ex-embaixador britânico em Washington, vice-presidente do grupo petrolífero Shell holandês real (T) |
Klaus Kleinfeld | Alemão presidente e CEO da gigante Alcoa EUA. |
Mustafa V. Koç | Presidente e CEO da Koç Holding, empresa líder na Turquia. |
Marie-Josée Drouin-Kravis | Colunista sobre questões económicas na média impressa e televisiva, do Canadá. Investigadora no extremamente militarista Hudson Institute. É a terceira esposa de Henry Kravis. |
Jessica T. Mathews | Ex-diretor de assuntos globais no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Actual director da Fundação Carnegie. |
Thierry de Montbrial | Economista, director fundador do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI) e da Conferência de Política Mundial. |
Mario Monti | Economista italiano, ex-comissário europeu para a concorrência (de 1999 a 2005), co-fundador do Grupo Spinelli do federalismo europeu. |
Egil Myklebust | Ex-presidente do conselho norueguês, director da Scandinavian Airlines System (SAS). |
Matthias Nass | Vice-Director do jornal alemão Die Zeit |
Jorma Ollila | Empresário finlandês, ex-presidente e CEO da Nokia, actual presidente do grupo petrolífero Shell holandês real. |
Richard N. Perle | Ex-presidente do Conselho Consultivo de Defesa do Pentágono. É um dos principais líderes dos straussianos (discípulos de Leo Strauss) e, portanto, uma figura importante dos neoconservadores. |
Heather Reisman | Mulher de negócios canadense, Diretor-presidente geral do grupo de edição Indigo-Chapters. |
Rudolf Scholten | Ex-ministro das Finanças da Áustria, o governador do Banco Central. |
Peter D. Sutherland | Ex-comissário europeu irlandês para a concorrência. Foi então director-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Actual presidente da Goldman Sachs Internacional. Ex-presidente da secção europeia da Comissão Trilateral e vice-presidente da Mesa Redonda Europeia dos Industriais, hoje presidente honorário do Movimento Europeu em Portugal. |
J. Martin Taylor | O ex-deputado britânico, presidente e CEO da gigante de alimentos e actividades químicas Syngenta. |
Peter A. Thiel | EUA-chefe corporativo, Presidente e CEO da PayPal, presidente da Clarium Capital Management e, por causa dessa posição, accionista Facebook. |
Daniel L. Vasella | Presidente e CEO do grupo farmacêutico suíço Novartis. |
Jacob Wallenberg | Banqueiro sueco, administrador de várias empresas multinacionais. |
Membros escondidos do núcleo
Carl Bildt | O ex-primeiro-ministro liberal da Suécia (1991-1994), ex-enviado especial da União Europeia e, posteriormente, das Nações Unidas nos Balcãs (1995 a 1997 e de 1999 a 2001), actual ministro sueco das Relações Externas. (T) |
Oscar Bronner | Presidente e CEO do jornal austríaco Der Standard . |
Timothy C. Collins | Financista americano, director do fundo de investimento Ripplewood. (T) |
John Elkann | Presidente e CEO da montadora italiana Fiat (seu avô Gianni Agnelli foi há 40 anos um dos promotores do Grupo de Bilderberg. Ele herdou a fortuna da família após a morte por causas naturais, do seu avô Giovanni e da morte prematura de seu tio Edoardo, que se havia convertido ao islamismo xiita. Existe uma convicção, segundo a polícia, que Edoardo foi assassinado para que a fortuna fosse devolvida ao ramo judaico da família). |
Martin S. Feldstein | O ex-conselheiro económico de Ronald Reagan (1982-1984) e actual conselheiro económico de Barack Obama. Ele também foi assessor de George W. Bush para os serviços de informação externa. Ele lecciona em Harvard. (T) |
Henry A. Kissinger | Ex-conselheiro de segurança nacional e anterior secretário de estado dos EUA, o personagem central do complexo militar-industrial dos EUA, agora presidente da firma de consultoria Kissinger Associates. |
Henry R. Kravis | Financeiro dos fundos de investimento KKR. É um dos principais angariadores de fundos do Partido Republicano. |
Neelie Kroes | Ex-ministra holandesa dos Transportes, comissária europeia para a concorrência e actual comissária para a sociedade digital. |
Bernardino Léon Gross | Diplomata espanhol, secretário-geral da presidência do governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero. |
Frank McKenna | Ex-membro do Conselho de Fiscalização dos serviços de inteligência do Canadá, Embaixador do Canadá em Washington (2005-2006), vice-presidente de Toronto-Dominion Bank. |
Beatrix des Pays Bas | Rainha da Holanda. Ela é filha do príncipe Bernhard. |
George Osborne | Ministro das Finanças britânico. É considerado neo-conservador eurocéptico, o que implica que se opõe à integração do Reino Unido à União Europeia, embora ele favoreceu a organização do continente na UE. |
Robert S. Prichard | Economista canadense, director do grupo de imprensa e audiovisual Torstar. |
David Rockefeller | É o patriarca de uma longa dinastia de financeiros e decano do núcleo do Grupo de Bilderberg. Ele também é presidente da Comissão Trilateral, uma organização semelhante envolvendo participantes asiáticos. |
James D. Wolfensohn | Financeiro australiano que adoptou a cidadania EUA para se tornar presidente do Banco Mundial (1995-2005). Actual director da empresa de aconselhamento Wolfensohn & Co. |
Robert B. Zoellick | Diplomata EUA, ex-delegado da U. S. Commerce (2001-2005), actual presidente do Banco Mundial. |
Os membros do Bilderberg Group não implicam as empresas do grupo ou instituições em que trabalham. É, no entanto, interessante notar a diversidade de sectores em que operam.
O lobby da organização militar mais poderosa do mundo
A quantidade de temas abordados nas reuniões anuais do Grupo de Bilderberg tem sido crescente nos últimos anos, segundo a imprensa internacional. Mas isso não nos diz nada de novo, uma vez que tais discussões não são em si mesmas objectivas. Apenas servem como pretextos para fazer passar mensagens. Infelizmente, não tivemos acesso aos documentos preparatórios mais recentes e, por isso, só podemos deduzir quais são os slogans que a NATO visa disseminar por meio desses líderes de opinião.
A reputação do Grupo Bilderberg tem levado alguns a lhe atribuírem capacidades de nomeação. Isso é um absurdo, e também esconde a identidade de quem realmente puxa as cordas dentro da aliança atlântica.
Diz-se, por exemplo, que durante a campanha da mais recente eleição presidencial, Barack Obama e Hillary Clinton desapareceram por um dia inteiro, a 06 de Junho de 2008, para negociar um fim à sua rivalidade. Na verdade estiveram presentes na conferência anual do grupo Bilderberg na cidade dos EUA de Chantilly, na Virgínia. No dia seguinte, a Sra. Clinton anunciou a sua saída da corrida presidencial. Alguns autores concluíram então que a decisão fora tomada durante a reunião do Grupo de Bilderberg, o que é ilógico, na medida em que esta decisão já tinha sido tomada três dias antes, devido ao número de votos que o senador Obama tinha obtido junto da comissão de investidura do Partido Democrata.
Segundo a nossa fonte, o que aconteceu naquele dia foi outra coisa. Barack Obama e Hillary Clinton se reuniram para celebrar um acordo político e financeiro. O senador Obama injectou fundos nas caixas da sua adversária e lhe ofereceu um cargo no seu governo. Hillary Clinton rejeitou a vice-presidência mas escolheu o Departamento de Estado em troca de seu apoio activo na campanha contra o candidato republicano. James A.Johnson apresentou os dois líderes na conferência de Bilderberg, onde ambos asseguraram aos participantes que iriam trabalhar juntos. Há muito tempo que Barack Obama era o candidato da NATO. Obama e sua família sempre trabalharam para a CIA e para o Pentágono . Além disso, os fundos iniciais para sua campanha foram fornecidos pela coroa da Inglaterra, pelo empresário Nadhmi Auchi. Apresentando o senador negro aos participantes da reunião de Bilderberg, a aliança atlântica organizava, para o futuro presidente dos Estados Unidos, as relações públicas a uma escala internacional.
Também foi relatado que o Grupo de Bilderberg, realizara um jantar não previsto, fora do âmbito do seminário, tendo lugar a 14 de Novembro de 2009 no castelo de Val Duchesse, pertencente ao rei da Bélgica. O ex-primeiro-ministro belga Herman van Rompuy fez um discurso na ocasião. Cinco dias depois, Van Rompuy foi eleito presidente do Conselho Europeu. Novamente vários autores concluíram erroneamente que o Grupo Bilderberg o tinha "colocado no cargo ".
De fato, o presidente da União Europeia não podia ser uma personalidade não fazendo parte dos círculos da NATO. É importante lembrar que a própria União Europeia é o resultado das cláusulas secretas do Plano Marshall. Portanto a pessoa escolhida deve ter o apoio dos Estados membros da NATO. É uma decisão que exige longas negociações, e não simplesmente um jantar entre amigos.
Ainda de acordo com nossa fonte, o presidente do Grupo Bilderberg, Etienne Davignon, convocou inesperadamente este jantar para apresentar Van Rompuy a seus vectores de influência. Isto tornou-se ainda mais indispensável visto que o homem escolhido para se tornar o primeiro presidente da União Europeia, cargo que tinha acabado de ser criado, era um completo desconhecido fora do seu país. Durante o jantar, o Sr. Van Rompuy apresentou o seu programa para a criação de um imposto europeu para financiar directamente as instituições da União Europeia sem passar pelos Estados-Membros. O papel dos participantes na reunião do Grupo Bilderberg não era outro senão clamar que já conheciam Herman Van Rompuy, e que tinham sido testemunhas de suas qualidades como presidente da UE.
Por isso, a realidade sobre o Grupo Bilderberg é menos romântica do que alguns autores de sucesso têm imaginado. A incrível demonstração de forças militares para garantir a sua segurança é tanto destinada a proteger como também para impressionar os participantes. Não se manifesta o seu poder mas mostra-se que o único e verdadeiro poder no Ocidente é a NATO. É aos participantes de decidir se a vão apoiar ou se a vão combater, estando sujeitos a serem esmagados.
Além disso, apesar de ter desenvolvido no início uma retórica anticomunista, o Grupo de Bilderberg não era anti-soviético, nem é hoje anti-russo. O que ele faz é seguir uma estratégia da Aliança Atlântica que não é um pacto contra a Rússia, mas destina-se á defesa e, se possível, á extensão da zona de influência de Washington. Na época de sua criação, a NATO esperava poder integrar a União Soviética, o que implicaria um compromisso de Moscovo de não pôr em causa a partilha do mundo, resultado das conferências de Yalta e Potsdam. Recentemente a aliança atlântica acolheu o presidente russo, Dmitry Medvedev, na Cimeira de Lisboa e propôs-lhe que a Rússia se juntasse a ela. Não se trataria de uma relação de vassalagem, mas de um reconhecimento da Nova Ordem Mundial, em que a Europa Central e Oriental já orbitam á volta dos EUA. A adesão da Rússia, de certo modo declarava uma espécie de tratado de paz: Moscovo reconheceria a sua derrota na Guerra Fria e uma nova partilha do mundo.
Neste caso, o Grupo Bilderberg convidaria personalidades russas para as reuniões anuais. Não se pediria para influenciar a opinião pública russa de forma a americanizá-la, mas para convencê-la a renunciar definitivamente aos sonhos de grandeza do passado.
(Enviado por um Amigo)
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