A que já é considerada a notícia do século, primeira página de todos os jornais, não pôde ser ilustrada pois não foram facultados documentos gráficos.
Na era da imagem (sempre mais valiosa que mil palavras), torna-se chocante acabar com um símbolo sem recorrer a ela, especialmente quando a emissão em directo dos atentados contra as Torres Gémeas gravou, nas nossas memórias e retinas, o fim duma civilização, a mudança radical duma época.
Bin Laden era já um ícone antes de provocar a cena mais aterradora e significativa da história contemporânea.
No filme Hannibal, estreado em Fevereiro de 2001, aparece junto à personagem de Anthony Hopkins, entre os terroristas mais procurados.
Agora, quando por fim o encontraram (…), fazem com que desapareça de novo, desta vez no fundo do mar, sem mostrarem nenhuma prova.
Nada muda; há anos que estava fora de combate. Mas a sua liquidação encarna um emblema, neste momento sem estampa. Ou com o timbre dum selo.
Que não publiquem fotografias que acreditariam a sua morte, não implica que, na realidade, o líder da Al-Qaeda morrera – segundo alguns em Dezembro de 2001 devido a insuficiência renal grave e tratamento de diálise – segundo outros, fruto de feridas recebidas num ataque em 2009 e, dado que o seu corpo nunca foi recuperado, os Estados Unidos esperaram o momento estratégico para o anunciar.
No entanto, esta será a mais amável das teorias conspirativas à qual deverá fazer frente o governo norte-americano.
Podemos entender porque o preferiram morto, mas não sei porque se desfizeram dos seus restos tão rapidamente.
Quer a insuficiência renal quer o suposto cancro, quer a morte à bala não são contagiosos nem passivos de contaminação pública.
A capital da comunicação está-se nas tintas para o “se não vejo, não creio”, e recusa suspeitas ou qualquer reclamação.
A fotografia do cadáver de Osama foi substituída pela de milhares de yankees a celebrarem a sua morte, e um Prémio Nobel da Paz, que recupera a devoção do seu povo graças a uma execução digna das Cruzadas.
Ao fim e ao cabo, trata-se dum dogma de fé: a palavra de Obama vale mais que qualquer imagem! Poderá valer?
(Enviado por um Amigo)
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