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terça-feira, 31 de maio de 2011

O odre do poder

Disse-nos o sistema que a vida consistia em trabalhar, tentar comprar uma casa, criar família e, aos 65 anos, desfrutar da reforma. O sistema não cumpriu o contrato. E os cidadãos começaram a denuncuiá-lo.

Para já, a indignação não tem uma liderança nem corpo técnico, nem constituição política.

Talvez por isso mesmo conseguiu despertar o interesse aos decepcionados e tem campo para crescer. É criticada tanto pelos partidos de direita como pelos grupos radicais que depreciam a utopia, não sendo difíci de imaginar o estupor dos socialistas, que se sentem mais cansados que nunca e longe de quase todos.

Os indignados metem no mesmo saco o mercado, que dita e impõe a sua lei, o governo que não sabe defender os cidadãos, os partidos convertidos em entes endogámicos e doentes à força de batalhar entre eles e os média que, com excessiva frequência amparam o sistema em vez de denunciar as suas injustiças. No saco, colocaram a etiqueta do poder e estão dispostos a lançá-lo ao mar se fizer falta.

O movimento apresenta incógnitas sobre a sua capacidade de progressão. Sobre a sua consistência e, inclusive, sobre o risco da deriva populista. Mas, pelo menos, alguém deixou de se lamentar olhando o umbigo. E, em todo o caso, aos cidadãos, sempre calhou bem que o odre tenha medo dum contrapoder.

“São muito curiosas, também, a s derivas do assunto DSK. Depois de saber que uma das grandes afeições do dirigente do FMI são as saias, a coisa deriva para um confronto entre culturas. Esqueçamos por um momento se se trata duma paixão selvagem e imesirecordiosa ou se falamos duma paixão selvagem com consentimento da senhora Nafissatou Diallo.

Deixemos à margem os detalhes: se foi selvagem, porque se ou se uma conjura internacional procurou que fosse, para que DSK caisse na armadilha, para desacreditar o mito progressista do FMI”.

A questão que agora interessa, interpretam-na pessoas tão responsáveis como Jack lang como uma luta entre concepções do mundo: os americanos a vingar-se porque não suportam a forma francesa de viver, relaxada e amorosa, a arte de sedução que Elaine Sciolino, correspondente do The New York Times em Paris, descreve como “uma ideologia não oficial que se baseia num conjunto muito extenso de comportamentos que codificam as relações sociais”.

O próprio Lang, um dos fundamentos intelectuais do socialismo, fala com desprezo da justiça americana e diz que tem “a vontade de se fazer num francês”, numa descrição malevolente que esconde alguns sentidos.

Agora, que tudo isso é uma batalha engre os estrictos calvinistas e os católicos que fazem o amor como se pintassem um quadro. Isso promete…

(Enviado por um Amigo)

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