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terça-feira, 10 de maio de 2011
Violência colectiva
A violência das multidões é um exemplo do que se denomina “fenómeno de massas”.
Quando inserido num grupo, um indivíduo pode fazer, dizer ou sentir coisas que consideraria inaceitáveis e seria incapaz de praticar individualmente. Há quem pense que a violência das massas não resulta de emoções ou imulsos específicos, ou momentâneos, mas apenas da libertação de tendências já existentes nos indivíduos envolvidos e que, em condições normais até então, tinham conseguido dominar.
Em geral, há sempre duas condições subjacentes á violência de grupo: por um lado, o grupo partilha um determinado sentimento de medo ou hostilidade que lhe dá coesão, mas também animosidade (os slogans, o abuso do alcool ou outras drogas, os sons rítmicos e cadenciados.
São exemplos de tácticas universalmente praticadas para colocar ou aumentar num grupo de pessoas em estado de animosidade); por outro lado, é igualmente necessário o aparecimento dum líder, que traduz de forma clara o sentimento de medo e a hostilidade do grupo, dirigindo-o para um alvo determinado, sobre o qual irá recair a violência colectiva.
A psicologia de grupo não é necessariamente má, e os seus comportamentos típicos são, muitas vezes, estimulados em cerimónias religiosas, comícios políticos e acontecimentos desportivos.
Mas, a violência das multidões é extremamente perigosa, porque existem pessoas que, simplesmente não têm o mesmo padrão emocional que os indivíduos normais, seja devido a uma variação orgânica cerebral ou qualquer outra anomalia; falta-lhes empatia e não conseguem solidarizar-se com a dor doutro ser humano. São, felizmente, raras.
São mais comuns os casos de pessoas normais que, em determinada circunstância, se tornam como que insensíveis, não prestando ajuda a alguém que muito precisa dela. Por exemplo, num caso de crime ocorrido em 1964, 38 pessoas tiveram hipótese de interrmper um assassínio, mas nenhuma se dispôs a fazê-lo. A razão de tal insensibilidade ou incúria social momentânea, tem intrigado os filósofos desde há séculos, e os psicólogos actuais juntam-se-lhes na procura da resposta.
Curiosamente, as hipóteses duma vítima ser prontamente socorrida decresceu com o aumento do número de espectadores do incidente, uma vez que a tendência para pensar que já alguém tomou uma decisão sobre o que há a fazer e que a sua intervenção pessoal é desnecessária.
Finalmente, a empatia tem duas faces: se o facto de sentirmos alguém em aflição pode levar-nos a agir com compaixão, pode também levar-nos a fugir ou a tentar ignorar os sentimentos desagradáveis que nos perturbam.
O que acontece com frequência no caso de decidirmos não agir, é a nossa mente tentar, através da racionalização, apagar o sentimento de culpa resultante, arranjando explicações lógicas em que pensamos acreditar.
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