AFP retirou do seu site foto do presidente francês com
ar de tolo e viu-se alvo de críticas de autocensura
A principal agência de notícias francesa (AFP) ainda
tentou retirar a fotografia de circulação, mas já não foi a tempo de conter a
gargalhada dos internautas que se viram perante uma imagem do presidente
francês, François Hollande, com um sorriso trapalhão estampado no rosto, sentado
à frente de um quadro escolar onde se lê: "Hoje, voltamos à escola."
A fotografia foi tirada na terça-feira durante a
visita do líder socialista a uma escola em Denain, no Norte de França,
coincidindo com o início das aulas para centenas de milhares de alunos
franceses. Na legenda original aparecia apenas: "Durante uma visita à
escola Denain Michelet, 3 de Setembro, 2013, François Hollande sorri,
participando num painel de discussão sobre a reforma dos horários escolares
aprovada pelo governo." Se retirada do contexto a foto pode dar a ideia de
que Hollande foi possuído pelo Pateta, a explicação é afinal muito simples: foi
a cara que fez para puxar pelas gargalhadas da audiência infantil que tinha à
sua frente. Mas se os miúdos podem ser cruéis, os adultos fazem questão de o
ser.
E foi assim que o presidente viu um momento de
descontracção dar lugar a um humilhante debate, com as duas agências de
notícias (AFP e Reuters) que divulgaram a foto acusadas de autocensura. Sendo
muito raro na França as fotografias de figuras públicas serem retiradas, este
incidente levantou suspeitas de que a AFP (que é financiada pelo Estado) o
tenha feito para impedir o presidente de cair no ridículo numa altura em que
está empenhado em conseguir apoio para uma acção militar na Síria e num dia em
que se assinalava a atrocidade nazi na vila de Oradour-sur-Glane.
"Na sequência de uma decisão editorial esta foto
foi retirada. Por favor apaguem-na de todos os sistemas. Pedimos desculpa por
qualquer inconveniente e agradecemos a cooperação", diz a AFP na nota que
publicou ao retirar a foto do seu site.
Hollande, que durante a campanha presidencial encarnou
a personagem do "Monsieur Normal" e que chegou a beneficiar de uma
reputação que dava dele a imagem de um homem divertido e um dos políticos com
mais sentido de humor do país, foi apagando a sua veia mais humorística a
partir do momento em que ocupou a presidência para assumir a pose grave que é
esperada de um chefe de Estado francês. Está visto que não tinha alternativa.
=Jornal i=
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