Fundo de
solidariedade, reestruturação dos bancos e poderes para evitar corridas aos
bancos aprovados na noite desta sexta-feira. Por decidir está ainda uma taxa
sobre os grandes depósitos.
Os bancos
permanecem encerrados, estando a funcionar as caixas exteriores
O Parlamento de Chipre aprovou a imposição de restrições aos
movimentos de capitais, a criação de um fundo de solidariedade e a
reestruturação do banco Laiki numa tentativa de cumprir as exigências feitas
pela troika ao país. A votação sobre a imposição de uma taxa próxima de 15%
sobre os depósitos superiores a 100 mil euros foi deixada para este sábado,
informava o canal público de televisão cipriota.
Os responsáveis políticos do país parecem ter optado, assim, depois de um dia repleto de ultimatos por vários líderes europeus, pela aprovação de várias medidas que, em conjunto, conseguem atingir os 5800 milhões de euros de receita exigidos pela troika, para que esta empreste os mais 10.000 milhões de euros necessários para salvar os bancos de Chipre. E ao mesmo tempo, de forma inédita na zona euro, criar os instrumentos que permitam ao país limitar uma fuga de capitais em larga escala do sistema bancário, assim que as instituições financeiras do país voltarem a abrir, algo que está previsto para a próxima terça feira.
De acordo com a agência Reuters, se todas as medidas forem aprovadas, incluindo a taxa sobre os depósitos, o presidente de Chipre irá a Bruxelas no Domingo apresentar os resultados aos seus parceiros europeus, numa reunião extraordinária do Eurogrupo.
Já depois da meia noite em Nicosia, o Parlamento aprovou nove diplomas. Criou o fundo de solidariedade, que inclui a utilização de fundos de pensões de várias instituições públicas e semi-públicas, sendo dada em troca aos beneficiários a aquisição de títulos do tesouro.
Depois, avançou para a possibilidade legal de dividir as instituições financeiras em duas partes (banco bom e banco mau), uma solução que deverá ser aplicada ao banco Laiki (popular), o que poderá provocar despedimentos.
Por fim, avançou para diversas medidas com o objectivo de dar às autoridades instrumentos para limitar o movimento de capitais. Entre as medidas está a possibilidade de converter depósitos à ordem em depósitos a prazo, a imposição de restricções ao uso de cartões de crédito e débito e a criação de limites aos levantamentos. As autoridades cipriotas tentam assim preparar-se para o momento em que vão reabrir as suas instituições bancárias, fechadas desde o passado fim-de-semana. A data prevista é a próxima terça-feira.
A contribuir ainda para os 5800 milhões de euros que Chipre tem de arrecadar está também o anúncio feito nesta sexta-feira da venda das dependências na Grécia do Banco do Chipre e do Banco Laiki a instituições gregas. A Grécia, cuja reestruturação de dívida contribuiu para o colapso dos bancos cipriotas, dá assim o seu contributo para resolução da crise.
Na rua, junto ao Parlamento, esteve em permanência, desde as 10h até às 22h, uma manifestação de centenas de pessoas. Depois de, na terça-feira, os protestos terem sido dominados por grupos que protestavam contra a imposição de uma taxa sobre os depósitos e de, na quinta-feira, os funcionários do banco Laiki terem mostrado a sua revolta contra a possibilidade de divisão do banco em duas partes, nesta sexta-feira a manifestação tinha uma composição bastante heterogénea.
Logo de manhã, chegaram os funcionários do Laiki, que querem evitar uma vaga de despedimentos no banco, defendendo ainda que “se fecharem o Laiki, os outros bancos irão logo a seguir”. A solução menos má, dizem estes funcionários, seria mesmo a imposição de uma taxa sobre os depósitos.
Depois chegou um grupo de estudantes da Universidade do Chipre, ligados ao AKEL, o Partido dos Trabalhadores que há cerca de um mês deixou de ser o partido do Governo. Traziam bandeiras de Chipre e gritavam “Fora com atroika!”. Para eles, “o Chipre ficaria melhor fora do euro” e qualquer solução imposta pelos parceiros europeus é má e deve ser chumbada, dizem.
O terceiro grupo a chegar também se manifestava contra os líderes europeus, mas por motivos diferentes. Eram cerca de dez imigrantes russos, com bandeiras do seu país e imagens de Vladimir Putin nas mãos. Acham que a única hipótese de salvação de Chipre está na Rússia e querem acima de tudo que não seja imposta qualquer taxa sobre os depósitos, mesmo os mais altos.
Por fim, para completar a manifestação, chegou um grupo de jovens com bandeiras pretas e motivos anarquistas, pertencentes à claque de futebol do Omonia Nicosia, um dos principais clubes do país. São contra a presença de Chipre na UE.
Por volta das 22h, quando no Parlamento começou o debate, todos dispersaram. Mas com uma promessa: amanhã há mais.
As reportagens em Chipre são financiadas no âmbito do projecto Público Mais
Os responsáveis políticos do país parecem ter optado, assim, depois de um dia repleto de ultimatos por vários líderes europeus, pela aprovação de várias medidas que, em conjunto, conseguem atingir os 5800 milhões de euros de receita exigidos pela troika, para que esta empreste os mais 10.000 milhões de euros necessários para salvar os bancos de Chipre. E ao mesmo tempo, de forma inédita na zona euro, criar os instrumentos que permitam ao país limitar uma fuga de capitais em larga escala do sistema bancário, assim que as instituições financeiras do país voltarem a abrir, algo que está previsto para a próxima terça feira.
De acordo com a agência Reuters, se todas as medidas forem aprovadas, incluindo a taxa sobre os depósitos, o presidente de Chipre irá a Bruxelas no Domingo apresentar os resultados aos seus parceiros europeus, numa reunião extraordinária do Eurogrupo.
Já depois da meia noite em Nicosia, o Parlamento aprovou nove diplomas. Criou o fundo de solidariedade, que inclui a utilização de fundos de pensões de várias instituições públicas e semi-públicas, sendo dada em troca aos beneficiários a aquisição de títulos do tesouro.
Depois, avançou para a possibilidade legal de dividir as instituições financeiras em duas partes (banco bom e banco mau), uma solução que deverá ser aplicada ao banco Laiki (popular), o que poderá provocar despedimentos.
Por fim, avançou para diversas medidas com o objectivo de dar às autoridades instrumentos para limitar o movimento de capitais. Entre as medidas está a possibilidade de converter depósitos à ordem em depósitos a prazo, a imposição de restricções ao uso de cartões de crédito e débito e a criação de limites aos levantamentos. As autoridades cipriotas tentam assim preparar-se para o momento em que vão reabrir as suas instituições bancárias, fechadas desde o passado fim-de-semana. A data prevista é a próxima terça-feira.
A contribuir ainda para os 5800 milhões de euros que Chipre tem de arrecadar está também o anúncio feito nesta sexta-feira da venda das dependências na Grécia do Banco do Chipre e do Banco Laiki a instituições gregas. A Grécia, cuja reestruturação de dívida contribuiu para o colapso dos bancos cipriotas, dá assim o seu contributo para resolução da crise.
Na rua, junto ao Parlamento, esteve em permanência, desde as 10h até às 22h, uma manifestação de centenas de pessoas. Depois de, na terça-feira, os protestos terem sido dominados por grupos que protestavam contra a imposição de uma taxa sobre os depósitos e de, na quinta-feira, os funcionários do banco Laiki terem mostrado a sua revolta contra a possibilidade de divisão do banco em duas partes, nesta sexta-feira a manifestação tinha uma composição bastante heterogénea.
Logo de manhã, chegaram os funcionários do Laiki, que querem evitar uma vaga de despedimentos no banco, defendendo ainda que “se fecharem o Laiki, os outros bancos irão logo a seguir”. A solução menos má, dizem estes funcionários, seria mesmo a imposição de uma taxa sobre os depósitos.
Depois chegou um grupo de estudantes da Universidade do Chipre, ligados ao AKEL, o Partido dos Trabalhadores que há cerca de um mês deixou de ser o partido do Governo. Traziam bandeiras de Chipre e gritavam “Fora com atroika!”. Para eles, “o Chipre ficaria melhor fora do euro” e qualquer solução imposta pelos parceiros europeus é má e deve ser chumbada, dizem.
O terceiro grupo a chegar também se manifestava contra os líderes europeus, mas por motivos diferentes. Eram cerca de dez imigrantes russos, com bandeiras do seu país e imagens de Vladimir Putin nas mãos. Acham que a única hipótese de salvação de Chipre está na Rússia e querem acima de tudo que não seja imposta qualquer taxa sobre os depósitos, mesmo os mais altos.
Por fim, para completar a manifestação, chegou um grupo de jovens com bandeiras pretas e motivos anarquistas, pertencentes à claque de futebol do Omonia Nicosia, um dos principais clubes do país. São contra a presença de Chipre na UE.
Por volta das 22h, quando no Parlamento começou o debate, todos dispersaram. Mas com uma promessa: amanhã há mais.
As reportagens em Chipre são financiadas no âmbito do projecto Público Mais
=Público=
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