Na missa
crismal de Quinta-feira Santa, Francisco exortou os sacerdotes a levarem o
Evangelho até às “periferias” e aos que “não têm nada de nada”.
O Papa na
missa crismal de Quinta-Feira Santa
O Papa Francisco criticou esta quinta-feira os padres “tristes”,
que se limitam a “gerir” e a serem "coleccionadores de antiguidades",
e pediu-lhes para redinamizarem as suas missas para combaterem a “crise de
identidade sacerdotal”.
Na homilia da missa crismal de Quinta-feira Santa,
tradicionalmente usada pelo Papa para dar instruções ao clero, perante 1600
cardeais, padres e religiosos, o novo Papa exortou os sacerdotes a levarem o
Evangelho até às “periferias” e aos que “não têm nada de nada”.
“O
padre que não sai de si próprio, em vez de ser um mediador converte-se, pouco a
pouco, num intermediário, num gestor”, lamentou. Com tal “insatisfação”, a
“chamada crise de identidade sacerdotal ameaça-nos a todos e soma-se a uma
crise de civilização”, acrescentou.
Francisco
pediu aos padres para não serem “tristes” nem fechados sobre si próprios como
“coleccionadores de antiguidades”. E apelou várias vezes ao clero para ir até
“às periferias”: “onde há sofrimento, onde o sangue é derramado, há uma
cegueira que deseja ver, há prisioneiros de tantos maus chefes”.
“A
unção” de Deus que o sacerdote é encarregado de transmitir “não se destina a
nos perfumarmos a nós próprios, nem a ser conservada num recipiente, porque o
óleo torna-se rançoso e o coração amargo”, disse numa crítica a um clero
“auto-referencial” e fechado que já criticara numaintervenção que fez nas congregações gerais,
reuniões preparatórias do conclave que o elegeu.
O
Papa convidou os padres a não se desligarem do mundo: “Os nossos fiéis apreciam
o Evangelho […] quando ele chega à sua vida quotidiana, quando ele ilumina
situações limite, onde o povo fiel é exposto à invasão dos que querem destruir
a sua fé”.
Francisco
defendeu também a “beleza” da liturgia, tema sensível para os católicos
tradicionalistas e para aqueles a quem não agrada que tenha abandonado alguns
hábitos e ritos.
O
Papa tem prevista na tarde desta quinta-feira a visita a jovens presos, numa
cadeia de Roma. Numa cerimónia inserida nas celebrações da Semana Santa, lavará
os pés a 12 de entre eles, de nacionalidades e confissões diversas.
=Público=
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