Ministro cipriota das Finanças renegoceia
empréstimo em Moscovo. Em Nicósia, o Presidente discute soluções internas que
evitem a falência.
Anastasiades, ao centro, na reunião com
os líderes dos partidos cipriotas
O Governo cipriota está à procura de alternativas em duas
frentes, dentro de fora de portas, para evitar a bancarrota, depois de ter sido
rejeitado no Parlamento a proposta de resgate que previa como contrapartida um
imposto sobre os depósitos bancários. A primeira reunião na Rússia foi
inconclusiva.
Enquanto o Presidente conservador, Nicos Anastasiades, se reúne
com os líderes dos partidos (todos, incluindo o do presidente, rejeitaram a
proposta que na terça-feira foi a votação no Parlamento), o ministro cipriota
das Finanças, Michael Sarris, procura um possível apoio da Rússia.
Mas
nada de concreto saiu de uma primeira reunião em Moscovo entre o governante o
homólogo russo, Anton Siluanov, senão a certeza de que os dois países vão
continuar a negociar.
Segundo
a Reuters, Chipre pediu o prolongamento, por cinco anos, do empréstimo de 2500
milhões de euros negociado com a Rússia em 2011. Em cima da mesa estará também
uma redução da taxa de juro do empréstimo, actualmente de 4,5%, o que Michael
Sarris não confirmou, mas também não desmentiu. “Tivemos uma discussão franca”,
foi um bom início, mas “nada concreto” foi fechado, garantiu, de acordo com a
mesma agência.
O
apoio, a confirmar-se, não será uma surpresa, nem a primeira vez que Nicósia
recebe assistência de Moscovo. Para a Rússia, manter a estabilidade da pequena
ilha mediterrânica – cujo sistema bancário precisa de se recapitalizar – é uma
vantagem, sendo de russos boa parte dos depósitos em bancos de Chipre, muitas
vezes considerado um paraíso fiscal.
Em
Nicósia, o Presidente Anastasiades sentou-se à mesa com os líderes partidários
para discutir uma alternativa ao chumbo do imposto extraordinário sobre as
poupanças bancárias. Na mesma reunião esteve presente o governador do banco
central cipriota, Panicos Demetriades.
A
zona euro só garante um resgate financeiro de 10 mil milhões de euros, e o país
terá de contribuir com 5800 milhões, que viriam desse imposto extraordinário
sobre os depósitos.
Porém,
com o chumbo da proposta que envolvia os depositantes no
resgate – um desfecho largamente festejado pela população na terça-feira à
noite em frente ao Parlamento, após a votação – não é claro nesta
altura que soluções poderão ser encontradas.
A
AFP avançou com algumas hipóteses em cima da mesa: a nacionalização de fundos
de pensões, o que facilitaria a vida ao Governo, garantindo um encaixe de 3000
milhões de euros; ou a fusão de dois bancos, o que faria reduzir o montante de
recapitalização necessário para essas instituições financeiras.
Foi
em reposta ao impasse e à necessidade de se encontrarem alternativas que a
Igreja Ortodoxa de Chipre apareceu a pôr à disposição do Estado todo o seu
património. Anastasiades esteve reunido com o arcebispo Crisóstomo II,
chefe ortodoxo cipriota, que propôs que os bens fossem dados como garantia para
a compra de obrigações do Estado, avançou a AFP.
A primeira proposta do Governo, que gerou apreensão e uma onda de crítica generalizada, obrigando o
Governo a rever o que negociara no Eurogrupo, previa que todos os depósitos
fossem taxados, medida que rompeu com a regra de protecção dos depósitos até
aos 100 mil euros.
O
plano revisto pelo executivo, aquele que, segundo o site CyprusMail, foi
chumbado, isentava os depósitos até 20 mil euros e previa uma sobretaxa de
6,75% sobre montantes de 20 mil a 100 mil euros, e de 9,9% acima deste valor.
Os
balcões dos bancos continuam encerrados e, mais tarde do que se previa, só
deverão reabrir na próxima semana. As caixas automáticas foram reabastecidos e
já ontem as pessoas puderam levantar dinheiro sem constrangimentos.
=Público=
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