Rob
Portman assinou lei que define casamento como união entre homem e mulher, mas o
seu filho trocou-lhe as voltas.
O senador Rob Portman chegou a ser o favorito
para o lugar de vice-presidente na candidatura de Mitt Romney
Os defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos EUA
ganharam um aliado tão importante como inesperado. O senador republicano Robert
"Rob" Portman, visto no ano passado como um dos mais fortes
candidatos a correr ao lado de Mitt Romney contra Barack Obama e signatário da
lei que definiu o casamento como uma união entre um homem e uma mulher, em
1996, mudou radicalmente de opinião.
A decisão, anunciada num texto publicado no diário The
Columbus Dispatch, foi motivada pela descoberta de que um dos seus
filhos, Will Portman, é homossexual. "Acredito agora que se duas pessoas
estão preparadas para assumirem um compromisso de vida para se amarem e
cuidarem uma da outra, nos bons e nos maus momentos, o Governo não deve
negar-lhes a oportunidade de se casarem", escreveu o senador eleito pelo
estado do Ohio, que chegou a trabalhar na primeira administração de George
Bush, na viragem das décadas de 80 e 90, e foi nomeado para dois cargos
importantes por George W. Bush.
Depois
de o seu filho ter assumido a sua orientação sexual, Rob Portman iniciou um
período de reflexão familiar, que terminou nesta semana com o anúncio público
da sua decisão. Uma decisão baseada na mesma fé que o levou a rejeitar o
casamento igualitário em 1996: "Em última análise, tudo se resumiu aos
temas abrangentes da Bíblia sobre o amor e a compaixão e à minha crença de que
todos somos filhos de Deus."
No texto publicado no The Columbus Dispatch, o
senador republicano explicou todo o processo que o levou a mudar de opinião:
"Há dois anos, o meu filho Will, que frequentava então o primeiro ano da
universidade [em Yale], disse-me a mim e à minha mulher, Jane, que é gay.
Disse-nos que já tinha consciência desse facto há muito tempo e que a sua
orientação sexual não tinha sido uma escolha sua; era apenas uma parte daquilo
que ele é. A Jane e eu ficámos orgulhosos com a sua honestidade e a sua
coragem. Ficámos surpreendidos por ele ser gay, mas sabíamos que ele
continuava a ser a mesma pessoa que sempre fora. A única diferença é que
passámos a ter uma imagem mais completa do filho que amamos."
O filho, Will Portman, agradeceu as palavras do pai através da sua conta no Twitter: "Hoje, sinto-me particularmente orgulhoso do meu pai", escreveu, juntando um link para o texto publicado no jornal.
O filho, Will Portman, agradeceu as palavras do pai através da sua conta no Twitter: "Hoje, sinto-me particularmente orgulhoso do meu pai", escreveu, juntando um link para o texto publicado no jornal.
O
anúncio do influente senador republicano surge a apenas duas semanas da decisão
do Supremo Tribunal sobre a contestação à Lei de Defesa do Casamento, aprovada
há 17 anos – até ao final do mês, o Supremo irá decidir se o casamento entre
pessoas do mesmo sexo deixará de ser proibido a nível federal.
Numa entrevista à CNN, Portman revelou que
falou com o antigo vice-presidente Dick Cheney, cuja filha Mary se casou com a
sua companheira Heather Poe em Junho do ano passado em Washington, DC – o
casamento entre pessoas do mesmo sexo é reconhecido na capital dos EUA e em nove
estados. Cheney, vice-presidente de George W. Bush, é um dos mais conhecidos
defensores do casamento igualitário no interior do Partido Republicano.
A
decisão de Portman motivou uma reacção seca por parte do republicano Newt Gingrich,
antigo presidente da Câmara dos Representantes: "Podemos dizer: acredito
tanto nos meus princípios, que vou expulsar-te de casa. Podemos dizer: continuo
a acreditar nos meus princípios, mas amo-te. Ou podemos dizer: amo-te tanto,
que vou mudar os meus princípios. O Rob escolheu a terceira via. É um direito
que ele tem."
=Público=
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