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segunda-feira, 25 de março de 2013

Depósitos cipriotas acima de 100 mil euros com corte de 30%


O resgate implica a aplicação de um corte sobre os depósitos superiores a 100 mil euros, muito acima da taxa de 9,9% prevista na versão inicial do plano.
O acordo fechado na madrugada desta segunda-feira entre Chipre, a Comissão Europeia e o FMI pressupõe um corte de 30% a aplicar sobre os depósitos acima de 100 mil euros, noticiou a AFP, citando um porta-voz do Governo cipriota.
“O corte será de cerca de 30% sobre os depósitos do Banco de Chipre superiores a 100 mil euros”, referiu à rádio estatal do país. Também os depositantes do banco Laiki serão afectados pela medida, já que o plano prevê a reestruturação destas duas instituições financeiras.
Este corte é muito superior à taxa de 9,9% prevista na versão inicial do plano, que foi depois chumbada pelo Parlamento cipriota. No entanto, essa versão alargava a medida a todos os depositantes, prevendo uma taxa de 6,7% para os depósitos inferiores a 100 mil euros.
Na madrugada desta segunda-feira, o país fechou as negociações com o Eurogrupo para avançar com um plano de resgate que afectará apenas os depositantes acima de 100 mil euros, os accionistas e os detentores de títulos do Laiki, o segundo maior banco do país. Esta instituição será desmantelada, estimando-se que a medida represente 4200 dos 7000 milhões que os bancos vão ter de gerar para escapar à falência. Os depósitos inferiores a 100 mil euros vão ser transferidos, a par dos activos “sãos” do Laiki, para o Banco de Chipre, que será reestruturado com o objectivo de construir um núcleo duro de capitais próprios de 9% dos activos totais.
Dez dias depois do encerramento forçado dos bancos em Chipre, ainda não há uma data calendarizada para que reabram as portas. Existia a expectativa de que esse passo fosse dado já esta terça-feira, mas, com a aprovação do plano de resgate ao país, o ministro das Finanças não quis comprometer-se com um calendário.
Michalis Sarris recusou-se a avançar com uma data concreta para a reabertura dos bancos, afirmando que tal acontecerá “assim que possível”, noticiou a AFP. “Será necessário encontrar um equilíbrio entre a prudência e a estabilidade”, acrescentou o ministro das Finanças de Chipre, durante a conferência de imprensa em que foi anunciado o resultado das negociações com o Eurogrupo, a partir de Bruxelas.
Num comunicado publicado nesta segunda-feira no site do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde defendeu o plano de resgate acordado durante a madrugada com Chipre, afirmando que é “completo e credível para lidar com os actuais desafios económicos do país”.
Por seu lado, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse nesta segunda-feira de manhã, enquanto apresentava em Berlim o acordo fechado durante a madrugada, que o plano de resgate é “equitativo” e “é capaz de estabilizar a situação em Chipre”.
Também em conferência de imprensa, o presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças de Holanda tinha defendido o plano como uma “melhor solução do que na semana passada”, referindo-se à intenção inicial de taxar os depósitos, que considerou “infeliz”. Já o Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, afirmou estar “satisfeito” com o resultado das negociações, no final das quase 12 horas de negociação em Bruxelas.
O plano selado na madrugada desta segunda-feira dispensa um novo voto do Parlamento cipriota, já que o impacto das medidas será sentido pelos depositantes e accionistas, no quadro da legislação aprovada na quinta-feira passada pelo Parlamento cipriota.
Rússia reage: Medvedev fala do “roubo do roubado”
Na sequência da aprovação do plano de resgate a Chipre, a Rússia já reagiu. O primeiro-ministro do país de onde provém uma parte substancial dos depósitos que hoje existem nos bancos cipriotas afirmou que “está em curso o roubo do roubado”, numa referência à expressão que surgiu depois da revolução comunista de 1917, como a tradução do princípio marxista “expropriar os expropriadores”.
Dmitri Medvedev afirmou, na primeira reacção da Rússia ao plano de resgate de Chipre, que “é preciso compreender como vai acabar esta história e quais serão as consequências para o sistema financeiro e monetário internacional, bem como para os nossos interesses”, noticiou a AFP.
Já na semana passada as autoridades russas tinham expressado o seu desagrado com a versão inicial do plano, chumbado na quinta-feira pelo Governo cipriota e que implicava uma taxa sobre todos os depósitos. Com
Lusa/Público
  


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