O resgate
implica a aplicação de um corte sobre os depósitos superiores a 100 mil euros,
muito acima da taxa de 9,9% prevista na versão inicial do plano.
O acordo fechado na madrugada desta segunda-feira entre Chipre,
a Comissão Europeia e o FMI pressupõe um corte de 30% a aplicar sobre os
depósitos acima de 100 mil euros, noticiou a AFP, citando um porta-voz do
Governo cipriota.
“O corte será de cerca de 30% sobre os depósitos do Banco de
Chipre superiores a 100 mil euros”, referiu à rádio estatal do país. Também os
depositantes do banco Laiki serão afectados pela medida, já que o plano prevê a
reestruturação destas duas instituições financeiras.
Este
corte é muito superior à taxa de 9,9% prevista na versão inicial do plano, que
foi depois chumbada pelo Parlamento cipriota. No entanto, essa versão alargava
a medida a todos os depositantes, prevendo uma taxa de 6,7% para os depósitos
inferiores a 100 mil euros.
Na
madrugada desta segunda-feira, o país fechou as negociações com o Eurogrupo
para avançar com um plano de resgate que afectará apenas os depositantes acima
de 100 mil euros, os accionistas e os detentores de títulos do Laiki, o segundo
maior banco do país. Esta instituição será desmantelada, estimando-se que a
medida represente 4200 dos 7000 milhões que os bancos vão ter de gerar para
escapar à falência. Os depósitos inferiores a 100 mil euros vão ser
transferidos, a par dos activos “sãos” do Laiki, para o Banco de Chipre, que
será reestruturado com o objectivo de construir um núcleo duro de capitais
próprios de 9% dos activos totais.
Dez
dias depois do encerramento forçado dos bancos em Chipre, ainda não há uma data
calendarizada para que reabram as portas. Existia a expectativa de que esse
passo fosse dado já esta terça-feira, mas, com a aprovação do plano de resgate
ao país, o ministro das Finanças não quis comprometer-se com um calendário.
Michalis
Sarris recusou-se a avançar com uma data concreta para a reabertura dos bancos,
afirmando que tal acontecerá “assim que possível”, noticiou a AFP. “Será
necessário encontrar um equilíbrio entre a prudência e a estabilidade”,
acrescentou o ministro das Finanças de Chipre, durante a conferência de
imprensa em que foi anunciado o resultado das negociações com o Eurogrupo, a
partir de Bruxelas.
Num
comunicado publicado nesta segunda-feira no site do Fundo Monetário Internacional
(FMI), Christine Lagarde defendeu o plano de resgate acordado durante a
madrugada com Chipre, afirmando que é “completo e credível para lidar com os
actuais desafios económicos do país”.
Por
seu lado, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse nesta
segunda-feira de manhã, enquanto apresentava em Berlim o acordo fechado durante
a madrugada, que o plano de resgate é “equitativo” e “é capaz de estabilizar a
situação em Chipre”.
Também
em conferência de imprensa, o presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças
de Holanda tinha defendido o plano como uma “melhor solução do que na semana
passada”, referindo-se à intenção inicial de taxar os depósitos, que considerou
“infeliz”. Já o Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, afirmou estar
“satisfeito” com o resultado das negociações, no final das quase 12 horas de
negociação em Bruxelas.
O
plano selado na madrugada desta segunda-feira dispensa um novo voto do
Parlamento cipriota, já que o impacto das medidas será sentido pelos depositantes
e accionistas, no quadro da legislação aprovada na quinta-feira passada pelo
Parlamento cipriota.
Rússia reage: Medvedev fala do “roubo do roubado”
Na sequência da aprovação do plano de resgate a Chipre, a Rússia já reagiu. O primeiro-ministro do país de onde provém uma parte substancial dos depósitos que hoje existem nos bancos cipriotas afirmou que “está em curso o roubo do roubado”, numa referência à expressão que surgiu depois da revolução comunista de 1917, como a tradução do princípio marxista “expropriar os expropriadores”.
Na sequência da aprovação do plano de resgate a Chipre, a Rússia já reagiu. O primeiro-ministro do país de onde provém uma parte substancial dos depósitos que hoje existem nos bancos cipriotas afirmou que “está em curso o roubo do roubado”, numa referência à expressão que surgiu depois da revolução comunista de 1917, como a tradução do princípio marxista “expropriar os expropriadores”.
Dmitri
Medvedev afirmou, na primeira reacção da Rússia ao plano de resgate de Chipre,
que “é preciso compreender como vai acabar esta história e quais serão as
consequências para o sistema financeiro e monetário internacional, bem como
para os nossos interesses”, noticiou a AFP.
Já
na semana passada as autoridades russas tinham expressado o seu desagrado com a
versão inicial do plano, chumbado na quinta-feira pelo Governo cipriota e que
implicava uma taxa sobre todos os depósitos. Com
Lusa /Público
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