O Nobel da
Economia diz que só este caminho permitirá acelerar a reconstrução do país, que
acordou um plano de resgate com a troika na segunda-feira.
O
economista diz que "se fosse um ditador", manteria os bancos fechados
até avançar com uma nova moeda
Paul Krugman acredita que a melhor solução para Chipre é sair do
euro, já que um dos motores da economia, o sistema financeiro, “acabou de
desaparecer” com as medidas previstas no plano de resgate acordado com a
Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional, que implica a
reestruturação dos dois maiores bancos do país.
O Nobel da Economia afirma, numa coluna de opinião que assina
nesta quarta-feira no New York Times, que Chipre “deve sair do euro” e que essa
decisão tem de ser tomada “agora”. Para o economista, se o país mantiver a
moeda única vai entrar numa “depressão [económica] severa", que durará
“muitos anos, até que consiga construir um novo sector exportador”.
Numa
análise à economia do país, Krugman refere que tem dois grandes motores de
crescimento, o sistema financeiro e o turismo. “Um deles [o sistema financeiro]
acabou de desaparecer”, sublinha, referindo-se ao facto de Chipre ter acordado
com a troika o
desmantelamento do banco Laiki e uma profunda reestruturação do Banco de
Chipre, que passam por cortes que podem chegar a 40% para os depositantes acima
de 100 mil euros, para os accionistas e detentores de títulos.
“Sair
do euro permitirá acelerar a reconstrução” económica de Chipre, defende
Krugman, explicando que o caminho mais acertado neste momento é apostar num “boom do sector turístico, enquanto
se fomenta o crescimento de outras exportações”, dando o exemplo da
agricultura.
No
que diz respeito ao turismo, uma das maiores actividades da economia cipriota,
o Nobel da Economia acrescenta que se deve apostar “numa forte desvalorização”
pelo lado do preço. “Provavelmente terá de resumir-se a bons negócios que atraiam
muitas viagens do Reino Unido”, sublinha.
Krugman
acredita que o plano de resgate acordado com a troika poderá resultar “numa queda de
20% do Produto Interno Bruto (PIB)”. Antevê, porém, que “a liderança do país
irá ter receio de saltar para o desconhecido de sair do euro, apesar do óbvio
horror que será manter a moeda única”.
O
economista escreve ainda que o caminho que defende “parece desesperado e
improvisado”, mas que “o desespero é apropriado” neste momento. “Caso
contrário, vamos estar perante um nível de austeridade igual ao da Grécia ou
pior, numa economia cuja base é muito mais frágil do que a grega”, sublinha.
“Se
eu fosse um ditador, estenderia as férias dos bancos o tempo suficiente para
preparar uma nova moeda”, conclui o Nobel da Economia, numa referência ao facto
de as instituições financeiras do país estarem já encerradas há doze dias.
=Público=
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