Dijsselbloem
reage à leitura das suas palavras sobre Chipre e diz que não há modelos de
resgate. Cada caso é um caso, garante.
Jeroen
Dijsselbloem
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, viu-se forçado
esta segunda-feira a clarificar a posição que assumira horas antes em relação
ao plano de resgate de Chipre, quando se referiu ao programa cipriota como um
modelo de reestruturação dos bancos na zona euro.
Num curto comunicado de dois parágrafos, o líder do fórum de
ministros das Finanças da zona euro retoma a retórica europeia sobre os países
intervencionados de que cada caso é um caso. “Chipre é um caso específico com
desafios excepcionais”, escreve Dijsselbloem, referindo-se ao programa aprovado
no Eurogrupo para a ilha mediterrânica como um “bail-in” – um resgate financeiro em que são
chamados a participar agentes internos, neste caso, accionistas,
obrigacionistas e depositantes dos bancos cipriotas a reestruturar.
As declarações que Dijsselbloem deu esta segunda-feira à agência
Reuters e ao jornal britânico Financial Times sobre o modelo de resgate a Chipre
foram interpretadas como um exemplo da resposta da zona euro para eventuais
programas de assistência a países com problemas na banca, já que pela primeira
vez obrigacionistas, accionistas e depositantes participam no processo de
reestruturação do banco.
Dijsselbloem,
há dois meses na liderança do Eurogrupo, sublinhou o facto de serem estes
agentes – e não os contribuintes – quem deve ser chamado a participar. Agora,
nota que os programas de ajustamento financeiro são desenhados em função da
situação do país em causa e acrescenta que não há modelos a serem replicados de
país para país.
O
resgate de 10 mil milhões de euros ao Estado cipriota prevê uma reestruturação
de dois bancos, o Laiki e o Banco de Chipre, num processo em que os
depositantes acima de 100.000 euros, accionistas e obrigacionistas terão de
assumir perdas de activos.
Foi,
neste contexto, falando sobre o sector bancário europeu, que o também ministro
holandês das Finanças disse que, antes de “procurarem dinheiro público”, os
bancos em dificuldades devem encontrar soluções para se recapitalizarem por
meios próprios.
Nas
declarações à Reuters e ao Financial Times, Dijsselbloem dava
a entender que o plano de reestruturação dos bancos de Chipre poderia servir de
modelo à resposta da zona euro a futuras intevenções.
BCE garante liquidez
Depois de alcançado no Eurogrupo um acordo sobre o plano de resgate financeiro a Chipre, o Banco Central Europeu (BCE) veio garantir que continuará a fornecer liquidez de emergência aos bancos cipriotas, que reabrem na terça-feira, com excepção das duas instituições que serão reestruturadas.
Depois de alcançado no Eurogrupo um acordo sobre o plano de resgate financeiro a Chipre, o Banco Central Europeu (BCE) veio garantir que continuará a fornecer liquidez de emergência aos bancos cipriotas, que reabrem na terça-feira, com excepção das duas instituições que serão reestruturadas.
Numa
reacção ao resultado da reunião dos ministros das Finanças, em Bruxelas, o
Conselho de Governadores da autoridade monetária diz não se opor ao pedido
feito pelo banco central de Chipre para os bancos receberem liquidez de
emergência “de acordo com as regras em vigor”.
Sem
activos para apresentarem como garantia nas operações de obtenção de liquidez
junto do BCE, os bancos cipriotas estão a receber financiamento ao abrigo do
programa de emergência solicitado pelo banco central do país.
A
condição exigida pelo BCE para manter a cedência de liquidez de emergência era
que as autoridades cipriotas conseguissem fechar um acordo sobre os termos do
programa de resgate financeiro, que pressupõe uma reestruturação de dois
importantes bancos, um dos quais, o Laiki, será desmantelado.
É
uma reacção esperada, a do BCE, depois de o supervisor sublinhar que o programa
só poderia ser considerado estando em marcha o plano da União Europeia e do FMI
assegurando “a solvência dos bancos envolvidos”.
O BCE dera a Chipre esta segunda-feira como limite para o Governo negociar os termos do resgate financeiro de 10 mil milhões de euros – uma posição interpretada como um ultimato para o país aprovar um acordo que recebesse luz verde dos parceiros europeus, o que veio a acontecer na madrugada desta segunda-feira, na reunião do Eurogrupo.
O
acordo alcançado no Eurogrupo, considera o Conselho de Governadores em
comunicado, permite restaurar a viabilidade do sistema financeiro cipriota,
pressionado a uma reestruturação para evitar a bancarrota, e garantir a
sustentabilidade das finanças públicas do país.
=Público=
Sem comentários:
Enviar um comentário