Depois da
sua absolvição, Amanda Knox regressou aos EUA. Em teoria pode ser obrigada a
voltar a Itália para enfrentar um novo julgamento, mas o processo de extradição
não seria fácil. Norte-americana pede “inquérito objectivo”
Amanda
Knox no tribunal, em 2009
O Supremo Tribunal italiano ordenou esta terça-feira novo
julgamento de Amanda Knox, uma estudante norte-americana que foi condenada pelo
homicídio da colega de apartamento, em Itália, e que viria a ser absolvida dois
anos depois.
Amanda Knox e o namorado, o italiano Raffaele Sollecito, que
também deverá ser de novo julgado pela morte da britânica Meredith Kercher,
passaram quatro anos na prisão mas foram libertados em 2011. O tribunal anulou
agora a absolvição.
A
norte-americana foi condenada em 2009 pelo homicídio da colega, mas viria a ser
absolvida pelo tribunal de recurso, em 2011. Em Fevereiro de 2012, o procurador
de Perugia, Giovanni Galati, recorreu desta última decisão.
A
cidadã britânica foi encontrada morta no seu quarto na noite de 1 de Novembro
de 2007. Foi esfaqueada e violada, segundo os resultados da autópsia citados
pela AFP.
Knox
foi condenada em 2009 a 25 anos de prisão, juntamente com o seu namorado de
então, Raffaele Sollecito, considerado cúmplice do crime. Foram ambos
libertados em Outubro de 2011.
Já
então a procuradoria fez saber que levaria o caso até ao Supremo, se o
veredicto fosse no sentido da libertação da norte-americana. A acusação
sustentou a culpa de Knox no facto de o seu ADN ter sido encontrado no cabo de
uma faca cuja lâmina continha o sangue da vítima, mas uma reavaliação do
material forense por um painel independente descobriu 54 “erros grosseiros” dos
investigadores na recolha de provas, levando à sua exclusão.
Na
reacção à decisão da Justiça italiana, Amanda Knox reclamou esta
terça-feira um “inquérito objectivo” e classificou o novo desenvolvimento do
caso como “doloroso” . “É doloroso saber que o Supremo Tribunal italiano
decidiu enviar o meu processo para revisão, porque a teoria da acusação sobre o
meu envolvimento na morte de Meredith revelou-se em várias ocasiões
inteiramente infundada e injusta”, disse, num comunicado divulgado pelo seu
porta-voz em Seattle, no estado de Washington, onde reside.
“Todas
as questões relativas à minha inocência devem ser examinadas por um inquérito
objectivo e procuradores competentes”, acrescentou. A norte-americana
promete continuar o “combate jurídico" com confiança "na verdade,
mantendo a cabeça levantada face a acusações falsas”.
Depois
de ter falado com Amanda Knox pelo telefone, o seu advogado
italiano, Carlo Dalla Vedova, disse em Roma que ela está “desapontada
porque continuam a não acreditar” nela, mas que se mantém moralizada por estar
inocente.
Depois
da sua absolvição, em Fevereiro do ano passado, Amanda Knox regressou aos EUA,
onde ainda permanece. “Paguei por um crime que não cometi”, disse Knox
durante as alegações finais que decorreram há um ano e meio. “Eu não
matei, não violei, não roubei. Eu não estava lá”, disse perante o juiz. E
adiantou: “Não sou quem dizem que sou. A perversão, a violência, a falta de
respeito pela vida. Eu não fiz o que dizem que fiz.”
Em
teoria Amanda Knox pode ser obrigada a voltar a Itália para enfrentar um novo
julgamento, mas o processo de extradição não seria fácil. Segundo o
especialista Joey Jackson, ouvido pela CNN, a lei dos EUA é bastante clara
quanto à impossibilidade de uma pessoa ser julgada duas vezes pela mesma
acusação. “Temos princípios bem alicerçados na nossa Constituição, um dos quais
é o do double jeopardy. Seria
altamente questionável que os EUA extraditassem alguém a quem já tenha sido
feita justiça”, considerou.
=Público=
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