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domingo, 24 de março de 2013

E as crianças cubanas choram ....


Como a morte de Osama Bin Laden influenciou a incidência de doenças graves e a mortalidade de crianças e adultos?

Parece uma pergunta com apenas duas possíveis respostas. Ou aumentaram a guerra, os conflitos e as bombas no Oriente Médio, em decorrência da ação militar que o matou e assim muitas pessoas atingidas diretamente foram mortas. Ou o desfecho de Bin Laden não teve absolutamente nada a ver com a saúde dos cidadãos daquela região. Infelizmente, existe uma terceira realidade que foi recentemente constatada e descrita, e que alertou e preocupou autoridades em saúde pública e especialistas ao redor do mundo.

Em artigo publicado na The New England Journal of Medicine, a revista médica mais respeitada da área, dois cientistas americanos do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Columbia, Nova York, e do Departamento de Emergência Médica de Harvard, Boston, os doutores L. F. Roberts e M. J. VanRooyen lançaram um alerta dirigido ao presidente Barack Obama. Clamam por neutralidade humanitária na área de saúde pública. A razão é muito clara. Na sua campanha para caçar Bin Laden, os militares americanos e os serviços de inteligência forjaram uma campanha de vacinação falsa. A CIA contratou um médico paquistanês, doutor Afridi, para ir de casa em casa com o propósito de vacinar as famílias. Também aproveitava para coletar pequenas amostras de sangue.

O secretário de Defesa americano Leon Panetta confirmou que a atuação de Afridi foi importante para chegar a Bin Laden. Afridi foi preso e sentenciado a 33 anos de prisão. Os problemas de saúde pública logo surgiram. O Paquistão expulsou os médicos e paramédicos estrangeiros envolvidos no programa Save the Children (Salvem as Crianças) que atuavam na região, suspeitos de trabalharem para a CIA. Alguns foram assassinados. Como resultado, a campanha de vacinação foi interrompida em províncias onde anualmente morrem mais de 100 mil crianças infectadas por doenças de fácil prevenção com vacinas disponíveis.

Em 6 de janeiro de 2013, reitores indignados de 12 universidades e faculdades de Saúde Pública americanas enviaram carta aberta ao presidente Obama, protestando contra a conduta dos serviços militares e de inteligência, que resultou em comprometimento de programas sérios de ajuda humanitária à população necessitada daquela região. Recomendaram fortemente que o governo americano suspendesse as ações militares disfarçadas de atividades de saúde pública. A seguinte frase da carta de protesto foi transcrita no artigo acima citado. “O trabalho de Saúde Pública Internacional constrói a paz e representa um dos meios mais positivos em que estudantes de Saúde Pública, no passado, presente e futuro, perseguem uma vida de serviço e de satisfação.

Por favor, não permita que a porta do bem comum lhes seja fechada, por causa de interesses políticos e/ou de segurança que ignoram os tipos de impactos negativos sobre a saúde pública, como estes testemunhados no Paquistão.”

Os autores lamentam que ações como essas tornaram cada enfermeiro com seringa na mão um espião em potencial, cada ambulância ou avião de carga um transporte disfarçado de tropas. 

Milhões de pessoas ficam obviamente excluídas de ações humanitárias urgentes, sem relação alguma com credo ou nacionalidade. A política pode ser mais letal do que as próprias bombas, as guerras ou os conflitos. E as crianças são as primeiras vítimas. Sempre…

S. S.

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