O
Intervozes publica a pesquisa “Vozes Silenciadas”, que analisa a cobertura da
mídia sobre o MST durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito de 2010.
Uso
de termos negativos, pouca relevância dada às bandeiras do movimento e exclusão
do MST como fonte. O que já era percebido pelos movimentos sociais agora foi
comprovado em pesquisa que analisou cerca de 300 matérias sobre o MST em tevê,
jornal impresso e revistas. A pesquisa foi realizada com apoio da Fundação
Friedrich Ebert e da Federação do Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão
(Fitert).
O relatório, intitulado
“Vozes Silenciadas”, analisou as matérias que citaram o MST em três jornais de
circulação nacional (Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O
Globo); três revistas também de circulação nacional (Veja, Época e CartaCapital);
e os dois telejornais de maior audiência no Brasil: Jornal Nacional, da Rede
Globo, e Jornal da Record. O período pesquisado foi de 10 de fevereiro a 17 de
julho de 2012, duração das investigações de uma Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) sobre o MST.
O
estudo
MST é retratado como
violento e suas bandeiras recebem pouco destaque. A pesquisa concluiu que o
movimento, na maioria dos casos, não era central nas matérias que o citam. O
tema predominante foi as eleições (97 inserções), com uma grande diferença em
relação ao segundo lugar, o Abril Vermelho (42 inserções). A CPMI foi tema
apenas de oito matérias (ou 2,6% do total).
Nas matérias sobre
eleições, o MST não apareceu nos debates sobre políticas agrárias, mas sim como
ator social mencionado de forma negativa pelos dois principais candidatos do
pleito nacional. O movimento aparece em segundo lugar no ranking de fontes
ouvidas (em primeiro lugar estão matérias que não ouvem nenhuma fonte). Porém,
essa colocação representa apenas 57 ocorrências num universo de 301 matérias.
Quase 60% das matérias
utilizaram termos negativos para se referir ao MST e suas ações. O termo que
predominou foi “invasão” e seus derivados, como “invasores” ou o verbo
“invadir” em suas diferentes flexões. Ao todo, foram usados 192 termos
negativos diferentes, entre expressões que procuram qualificar o próprio MST ou
suas ações.
A maioria dos textos do
universo pesquisado cita atos violentos, o que significa que a mídia faz uma
ligação direta entre o movimento e a violência. Não bastasse essa evidência,
dentre as inserções que citam violência, quase a totalidade (42,5% do total de
matérias) coloca o MST apenas como autor.
T.
M.
Sem comentários:
Enviar um comentário