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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Banco do Vaticano é o principal acionista da maior indústria de armamentos do mundo


Talvez poucas pessoas saibam que a fábrica de armas Pietro Beretta Ltda. (a maior indústria de armas no mundo) é controlada pela Holding SpA Beretta e que o acionista majoritário da Holding SpA Beretta, depois de Gussalli Ugo Beretta, é o Instituto para Obras de Religião (IOR), comumente conhecido como Banco do Vaticano, instituição privada, fundada em 1942 pelo Papa Pio 12 e com sede na Cidade do Vaticano.
A história por trás de tudo isso é a seguinte:
Roma não foi construída em um dia, tampouco o Vaticano, e menos ainda sua opulência atual. Isso tem suas raízes no século 4 da era cristã, quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e colocou à disposição do papa Silvestre I uma fortuna colossal – de fato o transformou no primeiro papa rico na história.
A Igreja Católica é a única organização religiosa do mundo que tem como quartel-general um estado independente: a cidade do Vaticano. Com seus 440 metros quadrados de superfície o Vaticano é muito menor do que muitos campos de golfe no mundo; e para percorrê-lo sem pressa não se necessita muito mais que uma hora; contar suas riquezas, contudo, levaria bastante mais tempo.
A moderna opulência do Vaticano baseia-se na generosidade de Benito Mussolini que, graças à assinatura do Tratado de Latrão entre seu governo e o Vaticano, outorgou à Igreja Católica uma série de garantias e medidas de proteção. A Santa Sé conseguiu que a reconhecessem como um estado soberano, beneficiou-se com a isenção fiscal de sua propriedade para beneficiar seus cidadãos, que não precisavam pagar os direitos aduaneiros pelo que importavam do exterior. Foi-lhe concedida imunidade diplomática e seus diplomatas começaram a desfrutar dos privilégios da profissão, igual assim como os diplomatas estrangeiros reconhecidos junto à Santa Sé. Mussolini prometeu introduzir o ensino da religião católica em todas as escolas do país e deixou a instituição do casamento sob a égide das leis canônicas, que não admitiam o divórcio. Os benefícios que o Vaticano recebeu foram enormes, dentre eles, os benefícios fiscais foram preponderantes.
Em 1933, o Vaticano mais uma vez demonstrou sua capacidade de estabelecer negócios lucrativos com os governos fascistas. A concordata de 1929, assinada com Mussolini, foi seguida por outra entre a Santa Sé e o 3º Reich de Hitler. O gestor Francesco Pacelli foi uma das figuras-chave do pacto com Mussolini: seu irmão, o cardeal Eugênio Pacelli, futuro papa Pio 12, foi responsável pela negociação como secretário de Estado do Vaticano, assinando um tratado com a Alemanha de Hitler. Pio 12 conhecia bem a Alemanha. Ele fora núncio em Berlim, durante a 1ª Guerra Mundial, e depois, como secretário de Estado de Pio 11, teve inúmeras intervenções no rumo que estava tomando a política alemã. Nesta qualidade interveio decisivamente na encíclica de Pio 11, conhecida como Mit brennender sorge (que se pode traduzir “Com preocupação ardente”). A iniciativa da encíclica partiu, ao contrário do que se acredita, dos bispos alemães, sendo o primeiro rascunho escrito em Roma pelo Cardeal Faulhaber. O então cardeal Pacelli, que fala alemão, deu-lhe a forma final, apresentada a Pio 11, sendo então assinada e publicada. Apesar da constante e grande pressão mundial, o papa Pio 12 sempre se negou a excomungar Hitler e Mussolini; seu pontificado foi caracterizado pela adoção de uma falsa postura de neutralidade. Quando os nazistas invadiram a Polônia, o papa Pio 12 se recusou a condenar a invasão; uma das maiores vantagens que obteria o Vaticano do muito lucrativo acordo que mantinha com Hitler era a confirmação de Kirchensteuer, um imposto eclesiástico; trata-se de um imposto estadual que ainda hoje os fiéis alemães devem pagar, e só podem escapar se renunciarem à sua religião. Na prática, muito poucos renunciam. Este imposto representa por si só entre 8 e 10% dos impostos totais arrecadados pelo governo alemão.

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Estima-se que o Vaticano seja o dono de cerca de 20% a 30% dos imóveis da Itália, incluindo igrejas, escolas, hospitais, clínicas e até hotéis.
Beatriz Olivon
No final de fevereiro, o papa Bento 16 deixará o cargo. Assim, ele deixa de ser chefe do Estado da cidade do Vaticano, o menor Estado do mundo em tamanho e um dos menores em população. O Estado da cidade do Vaticano tem 440 metros quadrados, sendo o menor estado independente do mundo, de acordo com o banco de dados do livro CIA, o World Factbook. O Vaticano tem pouco mais de 800 moradores – 836, de acordo com estimativas de julho de 2012, só há dois estados com menos habitantes. Em 2011, a força de trabalho somava 2.800 pessoas, a maior parte delas mora fora do Vaticano e está empregada na área de serviços.
Estima-se que o Vaticano seja o dono de cerca de 20% a 30% dos imóveis da Itália, incluindo igrejas, escolas, hospitais, clínicas e até hotéis. Durante a crise econômica, um antigo imposto sobre bens imóveis que tinha sido extinto retornou e a oposição pediu que ele também fosse aplicado às propriedades do Vaticano.
Crise
Assim como seus pares na Europa, o Vaticano também sentiu a crise financeira. O livro da CIA afirma que nem o Vaticano escapou das dificuldades financeiras que afetaram a Europa e, em 2012, começou a avaliar onde cortar custos para reverter o déficit no orçamento de 2011. Os rendimentos foram de US$308 milhões em 2011 enquanto os gastos foram de US$326,4 milhões.
A maioria dos gastos públicos vai para salários e outros custos com pessoal. O relatório afirma que os rendimentos e condições de vida dos trabalhadores são comparáveis aos dos que trabalham em Roma.
O Vaticano é financiado por diversas fontes, incluindo investimentos, aluguel dos imóveis e doações. Uma coleta anual nas dioceses somada a doações diretas vai para um outro fundo usado diretamente pelo papa para caridade, desastres e ajuda a igrejas em países em desenvolvimento, segundo o CIA, o World Factbook. As doações aumentaram entre 2010 e 2011, segundo a CIA.
O orçamento do Estado da cidade do Vaticano inclui a receita dos museus, correio e venda de souvenir. A receita também aumentou entre 2010 e 2011 por causa do aumento no número de horas de funcionamento dos museus e do maior número de visitantes, segundo o relatório.
A.     L.


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