Em e-mails, Venezuela é chamada de ‘piada’ e venezuelanos
de ‘retardados’.
Paulo Nogueira em seu Diário do Centro do Mundo
Quando você estiver desanimado com o que lê nos jornais e revistas, e
estiver a ponto de desistir do jornalismo como algo destinado a tentar mudar
para o melhor o mundo, lembre-se de uma palavra: WikiLeaks.
Você vai dar uma segunda oportunidade ao jornalismo, e não sou quem haverá
de recomendar a você que nesta nova tentativa insista em ler os jornais e as
revistas de sempre.
Agora mesmo, novos documentos vazados pelo WikiLeaks jogam luzes sobre os
esforços dos Estados Unidos em desestabilizar, minar e derrubar o governo
democraticamente eleito de Hugo Chavez.
Nos documentos, duas empresas de inteligência (e espionagem) aparecem
discutindo maneiras de demover Chavez. A principal delas é a norte-americana
Stratfor. Seus agentes narram, nos e-mails vazados, encontros com conhecidos
oposicionistas venezuelanos, como Henrique Caprilles, o candidato derrotado por
Chavez nas eleições de 2012.
A Stratfor – mostram os papéis vazados pelo WikiLeaks – foi buscar
consultoria na Canvas, uma empresa de direita sérvia que obteve sucesso na
desestabilização de um antigo governo de seu país com estratégias como a
manipulação de estudantes para promover passeatas de protesto pré-fabricadas.
É até engraçada a maneira como a Canvas se refere à Venezuela e aos
venezuelanos. O país é uma “piada total” e os venezuelanos são “retardados”.
Uma mente mais cínica poderia dizer que os autores dos e-mails da Canvas
estivessem olhando para si próprios, e não para a Venezuela e seus habitantes.
Desanimado com o jornalismo?
Pense no WikiLeaks e em seu fundador, o bravo Julian Assange.
Mas sim: talvez seja a hora de desistir do noticiário envenenado que a
mídia tradicional oferece a você.
M. N. C.
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