“O
homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não
são bons. Por conseguinte, o príncipe que desejar manter a sua autoridade
deve aprender a não ser bom, e usar esse conhecimento, ou
abster-se de usá-lo, segundo a necessidade.”
O PRÍNCIPE,
Nicolau Maquiavel 1469-1527
E....
Ora, não há nada de que um homem se orgulhe mais do que da
sua capacidade intelectual, pois é ela que o coloca no comando do mundo animal.
E muita imprudência deixar que alguém o veja como decididamente superior nesse
ponto, e deixar que outras pessoas vejam isso também... Por conseguinte, embora
a classe social e o dinheiro possam sempre contar com um tratamento
privilegiado na sociedade, com isso a capacidade intelectual não pode contar: o
maior favor que podem prestar á inteligência é ignorá-la; e se as pessoas a
percebem, é porque a consideram uma impertinência, ou algo a que o seu
possuidor não tem nenhum direito legítimo, e do qual ele apenas ousa se
orgulhar; e, em retaliação e vingança por sua conduta, as pessoas secretamente
tentam humilhá-lo de alguma outra forma; e se demoram para fazer isso é só
porque esperam pela ocasião mais adequada. Um homem pode ser o mais humilde
possível nesse sentido, e ainda assim dificilmente conseguirá que as pessoas
lhe perdoem o pecado de se colocar intelectualmente acima delas. Em Garden of
Roses, Sadi observa: Você deveria saber que os tolos são cem vezes mais avessos
a se encontrar com o sábio do que o sábio tem disposição para estar em
companhia de tolos. Por outro lado, ser idiota é uma recomendação verdadeira. Pois
assim como o calor é agradável ao corpo, também é agradávelmente sentir a sua
superioridade; e o homem procura a companhia que vai lhe dar essa sensação, tão
instintivamente quanto ele se aproxima da lareira ou caminha no sol quando quer
se aquecer. Mas isto significa que ele não agradará por sua superioridade; e,
se um homem quer agradar, deve ser intelectualmente inferior.
ARTHUR SCHOPENHAUER, 1788-1860
R. A. L.
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