Eduardo Guimarães em seu Blog da Cidadania
Gostaria de acreditar que
enquanto a maioria absoluta dos venezuelanos chora copiosamente a “morte” de
Hugo Rafael Chavez Frias não existe quem a esteja comemorando. Entretanto, não
me iludo. Apesar de ser um homem de paz que nunca revidou com violência a
violência que sofreu nos idos de abril de 2002, Chavez era odiado com fervor
por uma minoria.
Seus inimigos não o
combateram por seus defeitos, que, como qualquer ser humano, deveria ter
muitos.
Não, não. Ele foi combatido por suas qualidades, porque sua obra – que
ultrapassou as fronteiras de seu país – tornou o mundo mais justo e a vida dos
compatriotas desvalidos menos penosa.
Foi chamado de “ditador”,
mas nenhum governante das três Américas jamais se apresentou tantas vezes ao
voto popular limpo e inquestionável quanto ele. De 1999 até o ano passado,
incontáveis foram as eleições que venceu sem que nunca um só questionamento à
lisura dos processos eleitorais que lhe deram as vitórias tenha sido sequer
levado a sério.
Chavez logrou fazer da
Venezuela a campeã das Américas em redução da pobreza e da desigualdade social.
Sua obra social, como não podia ser atacada por conta de êxitos como o de tornar
o seu país o segundo da América Latina, ao lado de Cuba, a extirpar a chaga do
analfabetismo, foi ignorada pela mídia internacional e até pela venezuelana.
Nunca me esquecerei de uma
viagem que fiz à Venezuela em 2007, quando fui a um dos morros que cercam
Caracas e, em visita ao uma unidade do programa social de Chavez que acabou com
o analfabetismo, vi adolescentes e até adultos recém-alfabetizados estudando a
constituição do país.
Mas a obra de Chavez
extrapolou as fronteiras de seu país natal. A revolução bolivariana se espalhou
pela América Latina. Sua influência mais forte tem sido sentida na Argentina,
na Bolívia e no Equador, com um modelo revolucionário que reformou
constituições e democratizou a comunicação de massas.
Perto da redução da pobreza,
da miséria e da desigualdade que Chavez promoveu, a que conseguimos no Brasil,
em comparação proporcional, não lhe chega nem aos pés. Isso porque, com risco
da própria vida e sacrificando a paz pessoal, ele comprou brigas com poderes
imensuráveis que, se não tivesse comprado, teria tido uma vida mais fácil no
poder.
Dolorosamente, a morte
física de Chavez será explorada de forma nauseabunda por multibilionários das
mídias de ultradireita que infestam esta parte do mundo. Tentarão culpa-lo pela
própria morte. Em lugar de destacarem sua obra, destacarão o processo
sucessório na Venezuela.
A esses, digo que se antes
tinham poucas chances de derrotar esse herói latino-americano, esse verdadeiro
patrimônio da humanidade, agora suas chances são nulas, morreram fisicamente
com ele, que acaba de renascer. Hugo Rafael Chavez Frias renasceu, chacais da
miséria humana. Tornou-se um mito que os assombrará até o fim dos tempos.
Morto fisicamente, Chavez
adquiriu poderes que nem todos os editoriais, colunas, telejornais ou
reportagens mal-acabadas da Terra conseguirão equiparar. Sua verdadeira
história só agora começará a ser contada às gerações futuras, mostrando que
quando um homem devota sua vida ao bem comum como ele fez, torna-se imortal.
Descanse em paz, Hugo.
T. M.
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