Hugo
Chavez foi eliminado, como Arafat, Jango, Torrijos, Roldós e outros líderes
inconvenientes para os EUA.
Não
tenho a menor dúvida: tanto como Yasser Arafat, em 2004, Hugo Rafael Chavez
Frias foi eliminado com o uso do que há de mais moderno e sofisticado da
tecnologia criminosa desenvolvida na CIA e nas dezenas de agências satélites
privadas que prestam serviço ao governo norte-americano.
Digo isso com a
responsabilidade de quem tem 52 anos como repórter e estou convencido de que
não será difícil a mesma conclusão para a comissão de cientistas que o governo
da Venezuela deverá criar, conforme anúncio do vice-presidente Nicolas Maduro.
O corajoso (e descuidado)
presidente bolivariano, de 58 anos, não foi o único líder latino-americano
morto pela máquina mortífera norte-americana nos últimos anos: em dezembro de
1976, o ex-presidente brasileiro João Goulart foi assassinado na Argentina com
a troca dos remédios que tomava para o coração.
Omar Torrijos, presidente
do Panamá e militar como Chavez, foi assassinado num acidente aéreo forjado em
1981, conforme relato detalhado do ex-agente da CIA John Perkins, no seu livro Confissões de um assassino
econômico.
Como Torrijos, a CIA usou o
“acidente aéreo” para matar também o ex-presidente do Equador, Jaime Roldós Aguilera,
no mesmo ano de 1981, por ter entrado em confronto com as petrolíferas
norte-americanas. Essa constatação é confirmada por John Perkins no mesmo
livro.
Como
Arafat, vítima de uma substância radioativa
O assassinato de Arafat foi
abafado e contou com a ajuda da tradição muçulmana, que não procede a autópsia
de seus mortos. Mas a disposição de sua viúva Suha e uma criteriosa
investigação da TV Al-Jazeera levaram à descoberta do assassinato e a um pedido
formal da Autoridade Nacional Palestina para que um comitê patrocinado pela ONU
proceda o desdobramento da investigação feita por médicos suíços, que já levou
à exumação do corpo do líder palestino.
Após nove meses, um
trabalho meticuloso dos especialistas suíços e exame de roupas e objetos que
Arafat usou nos dias que antecederam sua morte – roupa, escova de dente e até
seu icônico kefiyeh que não tirava da cabeça – revelaram
uma quantidade anormal de polonium, um elemento radioativo raro ao qual poucos
países têm acesso. Apenas os do restrito clube atômico.
As
suspeitas na morte de Chavez
Horas antes de anunciar
oficialmente a morte do presidente Hugo Chavez, o vice Nicolas Maduro falou
pela primeira vez, em caráter oficial, das suspeitas de que o câncer que levou
o líder à morte tenha sido inoculado. Há estudos bem adiantados sobre a
possibilidade de que isso possa acontecer.
“Já temos bastantes pistas
sobre este tema, mas é um tema muito sério do ponto de vista histórico, que
terá que ser investigado por uma comissão especial de cientistas”, acrescentou.
Chavez perguntou em
dezembro de 2011 se é possível “que o câncer possa ser uma doença induzida,
produzida”, e recomendou então aos presidentes Evo Morales, da Bolívia; Daniel
Ortega, da Nicarágua; e Rafael Correa, do Equador, que se cuidassem.
Ninguém pode duvidar do
poder mortífero dos laboratórios da CIA, próprios ou terceirizados. Durante
anos, seus agentes tentaram matar Fidel Castro por todos os meios – isso em
pelo menos 400 situações.
Genocídio
bacteriológico
Não conformada, a CIA
praticou um dos maiores genocídios bacteriológicos contra o povo cubano em
1881, quando importou da Ásia o vírus da dengue hemorrágica e disseminou sobre
a ilha, conforme denúncias comprovadas por vários cientistas e jornalistas,
todas reunidas no livro Bioterror – Manufacturing wars the american way,
escrito por Ellen Ray e Willam H. Schaap e publicado em 2003.
Na primavera e no verão de
1981, Cuba sofreu uma grave epidemia de dengue hemorrágica. Entre maio e
outubro de 1981, a Ilha sofreu 158 mortes relacionadas à dengue, com 75 mil
casos de infecção relatados. No auge da epidemia, mais de 10 mil pessoas foram
infectadas por dia e 116.150 foram hospitalizadas. Ao mesmo tempo, durante os
surtos, em 1981, suspeitou-se que a CIA ou seus contratantes realizaram ataques
na ilha caribenha de forma encoberta, como parte de uma guerra biológica contra
os seus moradores. Estes ataques ocorreram durante sobrevoos de aviões
militares.
Particularmente prejudicial
para a nação foi uma grave epidemia de gripe suína pela que Fidel Castro culpou
à CIA. O pesquisador americano William H. Schaap pesquisou e confirmou em livro
que o surto de dengue em Cuba foi o resultado das atividades da CIA.
Para
EUA, outro Chavez nunca mais
Os EUA nunca aceitaram
Chavez como presidente de um país com a maior reserva de petróleo do mundo. Ao
contrário de Cuba onde, desde a fracassada invasão de 1961, a população
participa de um sistema de vigilância multiplicado, a Venezuela jamais adotou
medidas preventivas efetivas contra ataques sofisticados à base de ferramentas
tecnológicas.
Chavez mesmo sempre foi
muito “populista” nessa área. Assim como podia cantar num show improvisado,
tinha uma tendência a bebericar qualquer coisa ou até mesmo beliscar um salgado
em suas visitas a bairros da periferia.
Não seria difícil valer-se
desse estilo censurado por mais de uma vez por Fidel Castro para introduzir-lhe
o vírus de uma doença fatal. No final de dezembro de 2011, o próprio Chavez
comentou: “Fidel sempre me disse: Chavez, tome cuidado, esta gente desenvolveu
tecnologias, cuidado com o que come, cuidado com uma pequena agulha e te
injetam não sei o quê”, relatou ao lembrar uma conversa com o cubano.
Ainda na semana passada, o
líder da oposição venezuelana Henrique Capriles, governador do Estado de
Miranda, fez uma inesperada visita aos Estados Unidos, enquanto dois adidos
militares norte-americanos em Caracas, Deblin Costal e David Delmonico, eram
expulsos por tentarem realizar reuniões com seus colegas venezuelanos para
discutir o país pós-Chavez.
P. P.
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