Helen Keller não completara ainda dois anos de idade,
quando foi atingida por uma doença que a deixou cega e surda para toda a vida.
Durante alguns anos ela foi, segundo as suas próprias palavras, “selvagem e
indisciplinada”, exprimindo-se com violência.
Mas, aos seis anos, surgiu na sua vida a professora Ann
Sullivan.
Utilizando o sentido do tacto como elo de ligação entre
os mundos de ambas, e escrevendo as palavras na mão da sua pupila, a nova
professora tentou insistentemente dar a entender a helen a relação entre as
palavras e aquilo que significavam.
O ponto de viragem deu-se com a palavra “água”: enquanto
a água de uma bica jorrava sobre uma das mãos da sua aluna, Ann Sullivan
escrevia “água” na outra.
“Mantive-me quieta, toda a minha atenção concentrada
sobre o movimento dos seus dedos”, recorda Helen.
“Subitamente, senti a emoção de uma ideia que repetia – e assim foi
revelado o mistério da linguagem”.
Desde esse dia, Helen “viu” o mundo de outra maneira. O
sentido do tacto tornou-se para ela uma espécie de visão.
“Às vezes, é como se a própria essência da minha carne
fosse uma miríade de olhos a ver… Não posso dizer se vemos melhor com as mãos
ou os olhos: sei apenas que o mundo que vejo com as minhas mãos é vivo,
colorido e gratificante”.
Helen descbriu maneiras engenhosas de sentir as imagens e
os sons: “Por vezes, se tiver sorte, coloco suavemente a mão numa pequena
árvore e sinto o feliz estremecer de um passarinho que canta”.
E, por meio do tacto, ela conseguia “detectar o riso, a
tristeza e muitas outras emoções óbvias. Conheço as minhas amigas só por
tocar-lhes as faces.”
Helen Keller sentia que o silêncio e a escuridão em que
vivia lhe tinham aberto a porta para um mundo de sensações de que as pessoas
mais “afortunadas” nunca se apercebem.
“Com os meus três guias fieis, o tacto, o olfacto e o
paladar, faço muitas excursões às zonas limites da cidade da Luz”.
«The Miracle Worker», filme de 1962, relembra o momento
em que, pela primeira vez, Helen relacionou o tacto com a palavra “água” e o
que ela significava.
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