O Estado de Nova
Iorque está a estudar a apresentação de queixas contra as agências de notação
financeira Moody's e Fitch, depois de o Governo Federal o ter feito contra a
Standard and Poor's (S&P), informou sexta-feira a agência Associated Press.
A cotação da acção da
McGraw-Hill, a empresa que integra a S&P, caiu 27% esta semana e a da
Moody's 22%. A Fitch, empresa detida pelos franceses da Fimalac e dos
norte-americanos da Hearst, não está cotada na bolsa de valores.
"Os
investidores venderam as suas acções [das agências de notação] de forma
agressiva, receosos que o problema com o Departamento de Justiça se
agrave", comentou um estratega bolsista da Wedbush Securities, Michael
James, acrescentando que "estão a antecipar mais más notícias" e
por isso "a sua reacção é a de vender a acção agora e pensar depois".
Na
terça-feira, o Governo dos EUA apresentou uma queixa contra a S&P, para
tentar recuperar cerca de cinco mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de
euros), perdidos por investidores que teriam comprado produtos financeiros
derivados de crédito imobiliário com risco elevado, baseados em informação
excessivamente optimista da S&P.
O
departamento de Justiça acusa a S&P de ter atribuído, com total
conhecimento de causa, notas positivas para preservar a sua parte de mercado
nos produtos financeiros derivados.
A
iniciativa do Departamento de Justiça já foi seguida por 13 estados, entre os
quais a Califórnia. Este Estado reclama indemnizações de milhares de milhões de
dólares, em nome de investidores, designadamente dois dos maiores fundos de
pensões locais, o CalPers e o CalStrs), pelas suas perdas associadas aos
produtos 'subprimes' [de qualidade inferior].
Estes
montantes colossais reclamados são motivo de inquietação para os investidores
na McGraw-Hill, cujos lucros anuais não excedem os mil milhões de dólares.
A
Fitch e a Moody's já indicaram que não estão envolvidas na queixa do Departamento
de justiça contra a S&P, nem têm informação que as leva a admitir que podem
ser objecto de processos similares.
Mas um advogado especialista em
litígios bolsistas e governamentais, Jacob Frenzel, prevê que o Governo ataque
também a Moody's e a Fitch porque, justificou, trata-se de um do "dossiê
mais sólido".
Quanto
à queixa já apresentada, diz esperar que o conflito seja resolvido com acordos
entre as partes e no montante de "várias centenas de milhões de
dólares".
Uma
fonte conhecedora do dossiê disse à agência Associated Press que a S&P
recebeu uma intimação para comparecer no Ministério da Justiça do Estado de
Nova Iorque, assinada pelo ministro Eric Schneiderman, no quadro de um
inquérito sobre o papel das agências de notação na crise financeira de 2008.
Tendo a Moody's e a Fitch recebido pedidos formais de informação.
As
três maiores agências de notação financeira chegaram a um acordo amigável com o
Estado de Nova Iorque, em Junho de 2008, e comprometeram-se a fazer algumas
mudanças. Mas ao que parece as mudanças não foram suficientes.
N. M.
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