Esperança
média de vida e mortalidade têm melhorado mas há diferenças cada vez maiores
entre países, diz a Organização Mundial de Saúde.
Apesar de o nível de saúde na Europa ter melhorado nos últimos
anos, um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) que acaba de ser
divulgado mostra que a crise contribuir para o aumento das desigualdades entre
países. Portugal revela no geral bons indicadores, mas também mostra grandes
diferenças, nomeadamente na esperança média de vida entre homens e mulheres.
O documento The European health report
2012 - Charting the way to well-being, feito a cada três anos e
que analisa 53 países onde vivem 900 milhões de pessoas, diz que estas estão a
viver mais e melhor, com a esperança média de vida a crescer cinco anos desde
1980, situando-se em 2010 nos 76 anos – mas com tendência para
assimetrias significativas.
Os
autores salientam que as médias cada vez menos reflectem a realidade particular
de muitos países, dando como exemplo que a diferença na esperança média de vida
entre homens e mulheres (80 e 72,5 anos, respectivamente) continua a ser muito
significativa e que de uma zona para outra também se assistem a grandes
flutuações. Neste campo Portugal aproxima-se dos 80 anos, estando a meio da
tabela e acima da média da OMS. Mas há discrepância entre os homens, que pouco
passam dos 76 anos e as mulheres, que chegam quase aos 83.
Espanholas são as
que mais vivem
Na cauda da lista surgem países como o Quirguistão, onde os homens não chegam aos 65 anos e as mulheres não ultrapassam os 73. Ou a Rússia, onde a média dos homens não chega aos 63 anos, tornando-se no país onde as pessoas do sexo masculino vivem menos tempo. Pelo contrário, as mulheres espanholas são as que vivem até mais tarde, com uma média de 85 anos. Mas os homens que mais vivem, até pouco acima dos 80 anos, estão em Israel.
Na cauda da lista surgem países como o Quirguistão, onde os homens não chegam aos 65 anos e as mulheres não ultrapassam os 73. Ou a Rússia, onde a média dos homens não chega aos 63 anos, tornando-se no país onde as pessoas do sexo masculino vivem menos tempo. Pelo contrário, as mulheres espanholas são as que vivem até mais tarde, com uma média de 85 anos. Mas os homens que mais vivem, até pouco acima dos 80 anos, estão em Israel.
A
OMS escreve também que, a manter-se a baixa natalidade, a população com mais de
65 anos representará 25% do total em 2050. “Com as populações europeias a
envelhecerem rapidamente, os padrões de doença estão a mudar, criando
diferentes necessidades nos sectores da saúde e social. Importantes mudanças
demográficas e epidemiológicas estão a ocorrer em diferentes lugares e com
intensidade variável dentro da região”, lê-se no documento.
Quanto
a taxas de mortalidade, as mais elevadas foram encontradas na zona oriental da
Europa e as mais baixas nos países ocidentais, apesar de haver um declínio
global. As causas, refere a OMS, estão sobretudo nas doenças não comunicáveis,
com as patologias relacionadas com o sistema circulatório a representaram 50% do
total e as doenças oncológicas com 20%. No cancro, a OMS sublinha que os novos
casos cresceram 32% mas que, mesmo assim, desde meados da década de 1980, a
mortalidade caiu 10%. Os cancros do pulmão, cólon, estômago e próstata são os
que mais matam nos homens, e o da mama, pulmão, estômago, cólon, útero e
ovários os que mais matam as mulheres. No caso de Portugal, a mortalidade
prematura relacionada com doenças cardiovasculares, isto é, até aos 64 anos, é
bastante positiva, com o país a ser a ser o 10.º com melhor indicador, depois
de Israel, Islândia, Suíça, Noruega, França, Holanda, Itália, Suécia e Espanha.
Mas
a OMS diz que, apesar disso, as doenças de declaração obrigatória como a
tuberculose, o VIH e outras doenças sexualmente transmissíveis continuam a
representar uma preocupação. “A incidência de VIH está a cair, contudo, é de
reforçar a importância de um tratamento efectivo”, lê-se no relatório, que
destaca uma queda de 30% nas mortes por tuberculose entre 1990 e 2010.
“A
região europeia está a enfrentar importantes mudanças que estão a alterar as
prioridades em saúde, e as necessidades de prevenção e tratamento no futuro. As
tendências identificadas neste relatório ajudam a antecipar alguns dos desafios
que a Europa está a enfrentar e que irá enfrentar no futuro”, diz a directora
regional da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab. E acrescenta: “Mas há
iniquidades persistentes e espalhadas pela região, que em alguns casos se estão
a agravar”.
Queda dos suicídios
abranda
O documento destaca ainda outros indicadores, como a queda na taxa de mortalidade infantil e materna, a descida de 50% na mortalidade decorrente de acidentes de viação e o aumento da população a viver em áreas urbanas. Refere também a tendência para a queda das taxas de suicídio entre 24% e 40% nos vários países desde a década de 1990, mas diz que este indicador parece ter estagnado desde que foi publicado o relatório de 2009, o que pode estar relacionado com a crise económica que estalou nessa altura, dizem os autores, acrescentando que ainda é prematuro tirar conclusões mas que importa ficar atento.
O documento destaca ainda outros indicadores, como a queda na taxa de mortalidade infantil e materna, a descida de 50% na mortalidade decorrente de acidentes de viação e o aumento da população a viver em áreas urbanas. Refere também a tendência para a queda das taxas de suicídio entre 24% e 40% nos vários países desde a década de 1990, mas diz que este indicador parece ter estagnado desde que foi publicado o relatório de 2009, o que pode estar relacionado com a crise económica que estalou nessa altura, dizem os autores, acrescentando que ainda é prematuro tirar conclusões mas que importa ficar atento.
Por
outro lado, há outros estilos de vida a contribuírem para mais mortalidade, com
o consumo de tabaco e de álcool entre os principais factores de risco que já
contribuem para 6,5% do total de mortes. Neste tema em particular, no que diz
respeito aos fumadores regulares com mais de 15 anos, os portugueses estão mais
uma vez a meio da tabela com uma prevalência de mais de 30% nos homens e de
pouco mais de 10% nas mulheres. Mas em termos de consumo de bebidas alcoólicas per
capita o país surge
logo no 15.º lugar, depois de países como República da Moldávia, Luxemburgo,
Estónia, República Checa, Eslovénia, Roménia, Bielorrússia, Lituânia, Bósnia,
Hungria, Irlanda, Letónia, Áustria e Alemanha.
Ainda
no campo dos estilos de vida, a OMS apresenta uma tabela com a concentração
anual de partículas nas grandes cidades, que se traduzem no desenvolvimento de
várias patologias do foro respiratório, onde se mostra que muitos dos países
estão acima dos valores recomendáveis, com a Turquia, Bósnia, Bulgária e
Roménia a apresentarem os piores valores. Suécia, Estónia, Finlândia, Irlanda e
Islândia são as únicas excepções, com valores dentro do recomendável.
Neste
documento, à semelhança do que já aconteceu noutros anteriores, a OMS volta a
reforçar a importância de se analisar o bem-estar geral quando se olham para os
indicadores de saúde, insistindo que a definição de saúde da OMS passa “não
apenas pela ausência de doença ou enfermidade”, mas por um “estado completo de
bem-estar físico, mental e social”.
=Público=
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