O PIB
mundial em 2013 deve atingir o montante de 74,1 trilhões de dólares correntes.
Com 1,1 bilhão de habitantes, a participação das economias mais ricas no “bolo”
da produção de bens e serviços deve ser de 49,2%, com uma renda per capita de
mais de 41 mil dólares em termos de paridade do poder de compra (ppp, na sigla
em inglês).
Do outro
lado do planeta, a renda per capita para os demais 6 bilhões de habitantes
atingirá 7,4 mil dólares (ppp).
Assim, o
“bolo” da economia mundial vai crescendo e cada vez mais as distorções em
termos de acesso ao que foi produzido vão se acentuando. Enquanto o “lado rico”
do planeta continua recebendo polpudas ajudas financeiras, ao “lado pobre”
sobram quirelas.
Em abril de
2009, numa reunião em Londres, os países integrantes do G-20 (as 20 economias
mais avançadas) prometeram aos países vulneráveis a importância de 1,100
trilhão de dólares. Passados quatro anos, somente 5% desse valor “desembarcou”
nos cofres das economias mais carentes, ao passo que, no mesmo período, US$ 18
trilhões foram injetados nas veias das instituições financeiras dos países mais
avançados.
Depois do
pacote de ajuda à Grécia, Portugal e Irlanda, agora é a Espanha que pede
socorro. Os países da zona do euro já se movimentam para esparramar na economia
espanhola até 100 bilhões de euros (cerca de R$ 251,1 bilhões) na tentativa de
recapitalizar o setor bancário. De onde virá o dinheiro? Do Fundo Europeu de
Estabilidade Financeira (FEEF) e do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE).
Não obstante
a isso, a financeirização internacional movimenta em termos especulativos 3,5
trilhões de dólares por dia, montante 40 vezes superior ao valor monetário das
transações de bens e serviços mundiais. Depois que eclodiu a crise financeira
internacional em 2008, os especuladores retiraram recursos de ativos de alto
risco apostando na valorização das commodities puxando assim os preços dos
alimentos para cima, o que resultou maior dificuldade de acesso à comida,
sobretudo nas áreas mais afetadas pela fome.
Por esse
caminho, de um lado, se empanturram de dólares os cofres da agiotagem
internacional, enquanto do outro ronca de fome 1 bilhão de estômagos vazios.
Desse 1 bilhão de pessoas (jovens, idosos, pobres e miseráveis) que passam
fome, 180 milhões (quase um Brasil inteiro) são crianças (menores de 10 anos de
idade). Destas, 11 milhões são sepultadas todos os anos.
Enquanto se
discute meios para proporcionar ajuda monetária aos incompetentes banqueiros
internacionais, o mundo contabiliza 25 milhões de óbitos em decorrência da
Aids.
Enquanto os
dentes afiados dos especuladores agem livres, leves e soltos nas praças
financeiras em busca das maiores taxas de juros e da valorização de
commodities, corpos de inocentes vão tombando ao chão pela falta de acesso à
água potável e pela crônica desnutrição – a cada 3 segundos uma pessoa morre de
fome no mundo. Só na Somália, as Nações Unidas estimam que 3,9 milhões de
pessoas estejam passando fome, o que equivale à 40% da população (dados de
2011).
No entanto,
bastaria menos de 0,5% do PIB mundial para acabar de uma vez por todas com essa
sandice chamada fome e desnutrição. Já que há um Fundo de Estabilidade
Financeira, por que não é criado um Fundo de Amparo à Fome e a Desnutrição? Já
que há um Mecanismo de Estabilidade para salvaguardar bancos, por que ainda
ninguém pensou em criar um Mecanismo de Moralidade para decretar o fim da
pobreza e da miséria no mundo?
(*) Economista, especialista em Política
Internacional e mestre pela USP.
Professor de economia na UNIFIEO e na FAC-FITO
(São Paulo)
D. P. L.
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