Estudo do
Goldman Sachs alerta que as diferenças nas condições de acesso ao crédito
agudizaram-se, principalmente nos países periféricos.
Instituição
liderada por Mário Draghi não conseguiu facilitar condições de acesso ao crédito
A actuação do Banco Central Europeu evitou o desmembramento da
zona euro, mas agudizaram-se as diferenças nas condições de acesso ao crédito
entre os vários países da região, revela um estudo do Goldman Sachs citado esta
segunda-feira pelo Financial Times.
Segundo o jornal, as crescentes diferenças nos custos do crédito
bancário a pagar pelas empresas “revela como as medidas do BCE evitaram um
catastrófico desmembramento da zona euro, mas falharam o objectivo de facilitar
as difíceis condições de crédito nos países periféricos do sul, onde as
perspectivas de crescimento económico continuam sombrias”.
Desde
meados de 2012, a diferença entre os juros das dívidas soberanas espanhola e
italiana a 10 anos face à alemã diminuiu significativamente, tendo o indicador
do Goldman Sachs - que mede as variações entre as taxas de juro cobradas pelos
vários bancos da zona euro - também começado por diminuir.
Contudo,
este indicador entrou em trajectória ascendente e atingiu o valor recorde de
3,7 pontos percentuais em Janeiro, indicando que as empresas do sul da Europa
estavam a pagar juros significativamente mais altos do que as congéneres do
Norte.
“A
segmentação de mercado permanece, a divergência entre as taxas de juro cobradas
pelos bancos persiste e, como resultado, as perspectivas de crescimento
económico a curto prazo nos países da periferia são muito sombrias”, sustenta o
economista da Goldman Sachs para a Europa, Huw Pill.
Dias
antes da reunião do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) da
próxima quinta-feira, estes resultados destacam, segundo o Financial Times, a
importância de o banco central assegurar baixas taxas de juro particularmente
nos empréstimos às pequenas e médias empresas criadoras de emprego em países
como Itália e Espanha.
Segundo
refere o jornal, grande parte das empresas destes países periféricos da zona
euro “dependem fortemente do financiamento bancário” e o efeito de contágio da
crise no Chipre - ainda não contabilizado no indicador da Goldman Sachs - pode
ter penalizado ainda mais as condições de acesso ao crédito.
Admitindo
que os motivos para o agudizar das diferenças no acesso ao crédito no seio da
zona euro “não são óbvias”, o Financial Times avança como motivos possíveis a
tensão gerada em torno das eleições em Itália de Fevereiro passado, uma
deterioração da situação dos bancos ou uma inversão na melhoria do sentimento
nos mercados financeiros que se seguiu às medidas do BCE.
=Público=
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