Novo passo
na escalada de tensão. Reactor tinha sido desactivado em 2007, a troco de ajuda
económica e garantias de segurança.
Em 2008 a
Coreia do Norte demoliu a torre de arrefecimento de Yongbyon
A Coreia do Norte anunciou esta terça-feira a intenção de
reiniciar um reactor nuclear desactivado em 2007 e deu a entender que pode
retomar o enriquecimento de urânio para fins militares.
O anúncio é o novo passo na escalada de tensão que tem aumentado
nas últimas semanas, com ameaças do regime de Pyongyang à Coreia do Sul e aos
Estados Unidos, que responderam com manobras militares. Foi feito depois de, no
domingo, o líder do país, Kim Jong-un, ter declarado, numa reunião do partido
único, que a Coreia do Norte vai reforçar a aposta na energia nuclear e no
desenvolvimento da economia.
A
decisão de “renovar e reiniciar” o complexo nuclear de Yongbyon, incluindo
valências de enriquecimento de urânio e um reactor de cinco megawatts, foi
anunciada por um porta-voz do programa de energia nuclear norte-coreano citado
pela agência noticiosa oficial KCNA.
A
reactivação de Yongbyon visa “reforçar [o] arsenal nuclear em qualidade e
quantidade” e fazer face às “graves” penúrias de electricidade, segundo o
porta-voz. Um porta-voz do ministério sul-coreano dos Negócios
Estrangeiros disse que, a confirmar-se, a reactivação é “altamente lamentável”.
O
reactor era a única fonte de plutónio do programa nuclear militar da Coreia do
Norte que, segundo a agência AFP, disporá de quantidade suficiente para
produzir quatro a oito bombas. O número de oito é também referido pela Reuters.
Esta
agência cita estimativas feitas pelo Institute for Science and International
Security, no fim de 2012, segundo as quais, usando Yongbyon, a Coreia do Norte
poderia obter urânio enriquecido para construir 21 a 32 armas nucleares até
2016.
A
Coreia do Norte fez o seu primeiro teste nuclear em 2006. Em Julho de 2007
aceitou desactivar Yongbyon, a troco de ajuda económica e garantias de
segurança. Em Julho de 2008, num acto transmitido pela televisão, demoliu a
torre de arrefecimento.
O
processo parecia bem encaminhado, mas, em Dezembro de 2008, o Governo de
Pyongyang, que sempre rejeitou inspecções às instalações, retirou-se das
negociações sobre o seu programa nuclear, que mantinha com a China, Estados
Unidos, Japão, Rússia e Coreia do Sul.
Em
2010 revelou que estava a trabalhar na construção de um reactor nuclear para
fins civis – no que os norte-americanos viram a confirmação das suas
desconfianças sobre a real intenção norte-coreana de desmantelar o seu programa
nuclear. Mais recentemente, foram noticiadas informações sobre trabalhos de
construção próximo do local onde, em 2008, foi demolida a torre de
refrigeração. Mas não ficou claro se estava a ser reconstruída.
Depois
do primeiro, em 2006, a Coreia do Norte fez dois outros testes nucleares. O
último foi em Fevereiro passado. Em todos os casos os ensaios motivaram a
condenação internacional e contribuíram para a actual tensão. Nas últimas
semanas a Coreia do Norte cortou as comunicações militares com o Sul, os
Estados Unidos realizaram voos intimidatórios na região e Pyongyang declarou
estado de guerra.
=Público=
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