Além das
escolas públicas, o movimento islâmico no Governo em Gaza quer alargar a lei
aos estabelecimentos de ensino privados.
O Hamas
defende a segregação escolar a partir dos nove anos
A partir do próximo ano lectivo, o Hamas quer proibir que
professores do sexo masculino possam dar aulas a meninas nas escolas da Faixa
de Gaza e que rapazes e raparigas estejam na mesma turma a partir dos nove
anos. Estas são algumas das alterações à lei que o ministro da Educação do
grupo islâmico pretende pôr em prática não só nas escolas públicas mas também
nas privadas, mesmo as cristãs ou dirigidas pelas Nações Unidas.
Apesar de, actualmente as escolas naquele território
palestiniano já imporem a segregação escolar a partir dos nove anos, há escolas
privadas onde rapazes e raparigas têm aulas juntos. Com a aplicação de uma nova
lei, mesmo os estabelecimentos de ensino privados passam a ficar impedidos de
ter turmas mistas.
Às
críticas de que o Hamas pretende forçar a sua ideologia à sociedade, o
movimento islâmico responde com a necessidade de salvaguardar os valores
palestinianos. “Somos um povo muçulmano. Não precisamos de tornar o povo muçulmano.
Estamos a fazer o que serve o nosso povo e a sua cultura”, defendeu em
declarações à agência Reuters Waleed Mezher, o principal conselheiro do
ministro da Educação.
Outra
das críticas apontadas ao Hamas é que terá tomado estas decisões sozinho, com o
objectivo de impôr as leis islâmicas e de querer criar um estado separado em
Gaza. Zeinab Al-Ghoneimi, activista pela defesa dos direitos das mulheres,
acredita nisso. À rádio palestiniana considerou que “afirmar que a antiga
legislação não respeita as tradições da comunidade” é um “insulto à própria
comunidade”. “Em vez de se esconderem atrás das tradições, por que não dizem
claramente que querem uma comunidade islâmica”, questionou a activista, citada
pela Reuters.
Nos
últimos anos, organizações de defesa dos direitos humanos têm condenado o Hamas
por decisões governamentais que impõem, por exemplo, limites à forma como se
vestem as raparigas nas escolas ou que impedem que homens trabalhem como
cabeleireiros de mulheres.
=Público=
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