“Na América Latina, a banda pobre
da direita não mede consequências e usa todos os métodos possíveis para manter
seus privilégios de classe. Basta lembrar o que fizeram em Honduras e, mais
recentemente, no Paraguai” (JoãoPedro Stédile)
por
Leonardo Severo, do ComunicaSul*, direto de Caracas
O
Comando Regional (Core) 4 da Guarda Nacional da Venezuela, localizado na região
ocidental do Estado de Lara, capturou na última quinta-feira (11 de abril),
paramilitares colombianos com armas e explosivos. A captura ocorre às vésperas
das eleições presidenciais que ocorrerão no próximo domingo (14).
Além
dos terroristas colombianos, foram presos mercenários salvadorenhos, ambos com
estreitos e reconhecidos vínculos com a política de desestabilização promovida
pela CIA contra a revolução bolivariana. Também foram detidas cerca de 30
pessoas acusadas de sabotar as redes de transmissão de energia.
Setores
do governo temem que a oposição – se for derrotada mais uma vez – abandone o
caminho institucional, partindo para a desestabilização armada – com apoio de
fora do país. Seria algo parecido com o que já ocorreu na Líbia e acontece
agora na Síria. Só que bem na fronteira com o Brasil.
“Temos
capturado vários militares colombianos com uniformes da Venezuela. Estamos
desmontando um plano de violência da direita”, denunciou o presidente em
exercício e candidato chavista, Nicolás Maduro. Conforme o presidente, após uma
investigação exaustiva, foram vasculhadas várias casas e encontrados explosivos
e armas.
Parte
dos armamentos foi encontrada após inspeção no galpão da empresa Cargas da
Venezuela, responsável por trazer ao país mercadoria procedente dos Estados
Unidos. Somente neste galpão foram apreendidos 48 carregadores para pistolas
Glock com capacidade para 32 cartuchos calibre 9 milímetros, um carregador tipo
circular, chamado Caracol (calibre 9 mm) – com capacidade para 100 cartuchos,
assim como um carregador circular para fuzis.
MATERIAL
DE GUERRA
“Este
material de guerra e carregadores de Glock são utilizados por bandos que se
dedicam ao terrorismo. Há evidências de uma relação direta com pessoas
desestabilizadoras treinadas em El Salvador”, declarou o chefe da Gore 4,
Octavio Chacon.
O
ministro do Interior, Néstor Reverol, informou que o governo também “detectou”
o ingresso de dois grupos de mercenários “vindos de El Salvador” e que a
Venezuela fechará o cerco aos criminosos.
Após
denúncia do governo venezuelano, o presidente de El Salvador, Maurício Funes,
acionou uma ampla “investigação policial”, já que os mercenários salvadorenhos
foram financiados pela CIA para tentar matar no ano 2000 o presidente cubano
Fidel Castro, assim como tiveram envolvimento em atentados com bombas em hotéis
da Ilha Caribenha.
As
ações afetaram seriamente a economia cubana ao comprometer essa importante
fonte de renda do país. Vale lembrar que o terrorista salvadorenho Francisco
Abarca – procurado pela Interpol após ter colocado uma bomba na discoteca de um
hotel de Havana – foi preso em julho de 2010 na Venezuela.
Para
o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), João
Pedro Stédile, que está acompanhando o processo eleitoral venezuelano, a
tentativa frustrada de apelar à violência demonstra até onde chega o ódio da
reação aos avanços da revolução bolivariana: “Isso é revelador de como, na
América Latina, a banda pobre da direita não mede consequências e usa todos os
métodos possíveis para manter seus privilégios de classe. Basta lembrar o que
fizeram em Honduras e, mais recentemente, no Paraguai, onde produziram um
conflito que não houve, mas assassinatos planejados”, denunciou Stédile.
MÍDIA
PRIVADA ESCONDE
O
fato ganhou conotação de denúncia nos jornais públicos venezuelanos, “Correio
del Orinoco” e “Ciudad Caracas”, enquanto os grandes conglomerados de
comunicação da direita tentaram dar uma conotação de crime comum, abrindo
destaque para críticas às “provocações” da Coreia do Norte.
Como
já alertava o presidente Hugo Chávez em relação à política belicista do império
estadunidense, é importante continuar reforçando a capacidade de reação dos
nossos países e povos. “O império não respeita os débeis. Os povos decididos a
ser livres precisam estar bem armados”, sublinhou Chávez, frisando que os
norte-coreanos precisam ter capacidade de reação, até para persuadirem os que
já fizeram uso do seu poder atômico contra civis e para não virarem um novo
Iraque ou uma nova Líbia.
*
O ComunicaSul é um coletivo de jornalistas brasileiros, especializado em
coberturas especiais na América Latina; gera conteúdo exclusivo para a
blogosfera, furando a hegemonia da velha mídia (no Brasil, por exemplo,jornais
deram pouco ou nenhum destaque à prisão dos paramilitares estrangeiros na
Venezuela).
A. A.
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