Mais de 800
trabalhadores do Sul estão em território do Norte. Bloqueio é o mais recente
passo na escalada de tensão.
Acessos a
Kaesong ficaram vazios esta quarta-feira
A Coreia do Norte impediu esta quarta-feira trabalhadores
sul-coreanos de se deslocarem para o complexo industrial intercoreano de
Kaesong, no seu território, e o Governo da Coreia do Sul não exclui uma acção
militar para proteger os seus cidadãos.
Cerca de 484 sul-coreanos que deviam ter ido nesta quarta-feira
trabalhar em Kaesong não foram autorizados a fazê-lo pela Coreia do Norte,
segundo o ministério sul-coreano da Unificação.
Quanto
aos 861 sul-coreanos que estavam em Kaesong, apenas nove partiram ao início da
tarde, hora local. Muitos sul-coreanos optaram por permanecer no complexo para
assegurar a actividade das empresas para as quais trabalham, informou também o
ministério, que trata das relações entre os dois países.
“O
Norte informou-nos esta manhã que não autorizaria partidas de Kaesong e proíbe
viagens para o complexo", declarou o porta-voz Kim Hyung-Suk. “Esperamos
que os nossos concidadãos actualmente no Norte voltem sem dificuldade”,
acrescentou.
O
Governo de Pyongyang não informou por quanto tempo tenciona fazer vigorar
a suspensão das entradas.
A
Coreia do Sul preveniu que tem um plano de urgência que prevê o possível
recurso à força para garantir a segurança dos seus cidadãos a trabalhar em
Kaesong. “Preparámos um plano de emergência, incluindo uma possível acção
militar, em caso de situação grave”, declarou o ministro da Defesa, Kim
Kwan-Jin numa reunião de deputados do partido conservador maioritário.
A
Rússia declarou-se preocupada com uma situação que considera “explosiva”. “O
que se passa preocupa sem dúvida a Rússia porque é uma situação explosiva nas
proximidades das nossas fronteiras do Extremo-Oriente”, disse o vice-ministro
dos Negócios Estrangeiros, Igor Morgoulov, citado pela agência Interfax.
Também
a China, principal aliado da Coreia do Norte, reagiu, apelando à “contenção”. O
vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Zhang Yesui, que, segundo a AFP, se
encontrou com os embaixadores dos Estados Unidos, Coreia do Norte e
Coreia do Sul, pediu a “todas as partes para manterem a calma”.
O
complexo de Kaesong, situado em território norte-coreano, símbolo da cooperação
entre os dois países, tornou-se assim no mais recente elemento de tensão na
península coreana. Situado a dez quilómetros da fronteira, na Coreia do Norte,
foi inaugurado em 2004. Foi apresentado como sinal de vontade de cooperação
entre as duas Coreias.
Kaesong
tem estado sempre aberto apesar das cíclicas crises nas relações bilaterais e
só esteve encerrado um único dia, em 2009, quanto Pyongyang bloqueou o acesso,
em protesto contra manobras militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
Fonte
de divisas estrangeiras para a Coreia do Norte, o complexo dá emprego a cerca
de 53 mil norte-coreanos que trabalham para 120 empresas sul-coreanas em
sectores como o vestuário, calçado, relógios e utensílios de cozinha.
Nas
últimas semanas, apesar da tensão crescente, a travessia da fonteira por
sul-coreanos foi feita sem problemas. O funcionamento de Kaesong é considerado
um barómetro das relações bilaterais e se fosse encerrado de modo prolongado
isso seria sinal de maior agravamento da tensão que não tem parado de aumentar
desde que, em Fevereiro, o Norte fez um teste nuclear condenado pela comunidade
internacional. No sábado, a Coreia do Norte declarou o estado de guerra com o Sul.
O
passo anterior na escalada foi, na terça-feira, o anúncio, pelo Norte, da
intenção de reiniciar a actividade de um reactor nuclear desactivado em 2007. Depois do anúncio
dessa decisão, os Estados Unidos reafirmaram a promessa de defender e proteger
os seus aliados sul-coreanos e japoneses face ao Governo de Pyongyang.
O
secretário de Estado, John Kerry, qualificou o comportamento da Coreia do Norte
de “perigoso” e “irresponsável”. “É uma provocação. É perigoso, imprudente, e
os Estados Unidos não aceitarão que a República Popular Democrática da Coreia
seja um Estado nuclear” , disse também, embora tenha ressalvado que a via
diplomática continua aberta.
=Público=
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