Trabalhadores
do Sul voltaram a não poder entrar no Norte. Quarta-feira à noite, Pyongyang
declarou que a guerra pode estar prestes a começar e que os americanos serão
“esmagados”.
Camiões
sul-coreanos à espera de entrarem em território do Norte para chegarem a Kaesong
A Coreia do Norte impediu esta quinta-feira, pelo segundo dia
consecutivo, trabalhadores sul-coreanos de irem trabalhar para o complexo
industrial intercoreano de Kaesong, situado no seu território, e ameaçou
retirar os seus 53 mil trabalhadores e encerrar um projecto simbólico da
aproximação entre os dois países.
As ameaças de encerramento do complexo juntam-se às declarações
belicistas dos últimos dias, que conheceram na quarta-feira à noite um novo
desenvolvimento: o anúncio da aprovação de um plano de operações
militares, incluindo ataques nucleares.
O
Estado Maior do Exército da Coreia do Norte declarou num comunicado, segundo a
agência oficial KCNA, ter informado oficialmente os Estados Unidos que os
norte-americanos serão “esmagados” por “meios de ataque nuclear”. “A operação
implacável” das forças norte-coreanas “foi definitivamente examinada e
ratificada”, afirma o texto, segundo o qual a guerra pode começar “hoje ou
amanhã”.
Na
manhã desta quinta-feira, um jornalista da AFP constatou que 40 veículos com
trabalhadores que esperavam autorização para atravessar a fronteira e irem para
as suas empresas, fizeram inversão de marcha quando lhes foi anunciada, por
alto falante, que a passagem estava encerrada.
O
ministério sul-coreano da Reunificação, encarregado dos assuntos intercoreanos,
disse que no total seriam 526 os sul-coreanos que quiseram ir para Kaesong
trabalhar, nesta quinta-feira.
Em
Kaesong estão, segundo o ministério, 812 sul-coreanos que ali se encontravam
quando, na quarta-feira, a Coreia do Norte anunciou a intenção de interromper
os trajectos diários de trabalhadores do Sul para o complexo industrial. O
Governo de Pyongyang indicou que os sul-coreanos são livres de partir para o
seu país.
O
bloqueio do complexo industrial é o novo elemento do braço-de-ferro da Coreia
do Norte com a Coreia do Sul e os Estados Unidos, que subiu de tom na última
semana, com declarações belicistas e ameaças de ataques.
“Se
as marionetes sul-coreanas e os media conservadores continuarem a denegrir-nos,
ordenaremos a todos os nossos operários que se retirem de Kaesong”, declarou o
Comité do Norte para a reunificação pacífica da Coreia.
Um
porta-voz do comité citado pela KCNA assumiu que a eventual retirada dos
trabalhadores seria uma medida de retaliação depois de o Governo da Coreia do
Sul ter admitidoa existência de um plano de emergência que inclui uma opção
militar para proteger os trabalhadores sul-coreanos de Kaesong.
A
agência sul-coreana Yonhap noticiou que o Norte deu um ultimato aos
trabalhadores do Sul que se encontram em Kaesong para partirem até dia 10, mas
o Governo de Seul desmentiu essa informação.
“Essas
informações são erradas. As autoridades do Norte pediram simplesmente a várias
empresas instaladas em Kaesong uma lista dos empregados que devem voltar a Seul
até 10 de Abril”, declarou um porta-voz do ministério sul-coreano da
Reunificação.
Pouco
antes da o anúncio norte-coreano de ataque imininente, na quarta-feira, o
Departamento da Defesa dos Estados Unidos confirmou o envio de um sistema
avançado de defesa antimíssil para a ilha de Guam, no Pacífico, em resposta às ameaças do uso de meios militares pela
Coreia do Norte.
Kaesong,
símbolo da cooperação entre os dois países, tornou-se no mais recente elemento
de tensão na península coreana. Situado a dez quilómetros da fronteira, na
Coreia do Norte, foi inaugurado em 2004. Foi apresentado como sinal de vontade
de cooperação entre as duas Coreias.
O
complexo tem estado sempre aberto, apesar das cíclicas crises nas relações
bilaterais, e só esteve encerrado um único dia, em 2009, quanto Pyongyang
bloqueou o acesso, em protesto contra manobras militares dos Estados Unidos e
da Coreia do Sul.
=Público=
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